ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

As duas cidades do Piauí -Guaribas e Acauã- escolhidas para ser modelo de implantação do Fome Zero, a principal iniciativa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de combate à miséria, já são atendidas por seis programas sociais criados no governo de Fernando Henrique Cardoso.
No total, as duas cidades recebem por mês cerca R$ 86.197,50 direto dos seis programas, 72% a mais do que os R$ 50.000 que serão injetados agora na economia dos municípios com a distribuição dos cartões do Fome Zero, que darão direito a R$ 50 mensais para 500 famílias de cada cidade.
O dinheiro que entra nesses municípios por meio de programas como o Bolsa-Renda ou o Bolsa-Escola movimenta a economia local. Para se ter uma idéia, Guaribas e Acauã receberam no ano passado pelo Fundo de Participação dos Municípios R$ 1.222.029,15 cada uma -o que significa R$ 101.835,76 por mês para investimento e custeio da máquina pública em cada cidade.
Guaribas, que tem 4.814 habitantes, recebe aproximadamente R$ 36.205 por mês dos programas do governo FHC. Não é possível calcular o valor exato pois o Auxílio-Gás é distribuído a cada dois meses, para um número diferente de famílias. Ao todo, 860 famílias são beneficiadas com R$ 15 cada uma -333 receberam em janeiro, e 527 em dezembro- o que significa R$ 12.900 a cada dois meses circulando na cidade.
O Bolsa-Escola, um dos programas mais conhecidos, que paga R$ 15 por criança matriculada na escola, em um limite máximo de três por família, atende 753 crianças em Guaribas, de 306 famílias, representando R$ 11.295 de transferência de renda. Há, inclusive, vaga para mais 80 crianças, que ainda não foram preenchidas.
Os programas Agente Jovem (R$ 65, para 28 pessoas), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti, R$ 25, para 80 pessoas) e Bolsa-Alimentação (R$ 15, para 164 crianças e 18 gestantes e nutrizes) representam um total de R$ 6.550 mensais em Guaribas.
A cidade, uma das 196 em situação de emergência por causa da seca no Estado, também está incluída no programa emergencial Bolsa-Renda, que paga R$ 30 por mês por família. A princípio, ele foi prorrogado só até fevereiro. São beneficiadas 397 famílias.
Em Acauã, que tem 5.147 moradores, entram todo mês aproximadamente R$ 49.992,50. Os programas do governo FHC também foram implantados por lá: o Agente Jovem (25 jovens), Peti (60 crianças), Bolsa-Escola (637 crianças de 375 famílias), Bolsa-Alimentação (145 crianças), Auxílio-Gás (937 famílias, sendo 558 em um mês e 379 e no outro), e Bolsa-Renda (937 pessoas).
Todos os programas são pagos por meio do Cartão Cidadão, cartão magnético com o qual o beneficiário saca o dinheiro em uma agência da CEF. Para todos os programas, é utilizado o Cadastro Único dos Programas Sociais.
Até ontem, a coordenadora do cadastro, Ellen Sampaio, não sabia se seria adotado um novo cartão para o Fome Zero.
O custo físico de cada cartão é de R$ 1,20, sem contar a tecnologia magnética, segundo ela. Os valores relativos aos programas federais já existentes foram passados pelo Ministério da Assistência e Promoção Social.


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