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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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JUSTIÇA

Policiais acusam governo

Delegados da PF se dizem "perseguidos"

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu liminar favorável a dois delegados, que eram do primeiro escalão da Polícia Federal no governo FHC, que entraram com mandado de segurança, alegando "perseguição ideológica", contra atos do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
O ministério estaria retardando a nomeação dos delegados José Francisco Mallmann, que em 99 foi coordenador de Planejamento e Modernização da direção-geral da PF, no cargo de adido policial na Embaixada na Argentina, e de Alberto Lasserre Kratzl Filho, assessor parlamentar da PF, na Embaixada brasileira no Paraguai.
Com a liminar, o vice-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, determinou a suspensão de todo o processo de nomeação dos adidos policiais nas embaixadas. Os dois delegados temiam que outros colegas ocupassem os cargos.
No pedido de liminar, os delegados afirmam que foram informados no último dia 20, "extra-oficialmente", pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, de que não seriam nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em razão de "pressão que a Fenapef [Federação Nacional dos Policiais Federais] teria feito sobre a cúpula do PT no Palácio do Planalto contra suas indicações".
Segundo os delegados, o site da Fenapef na internet teria veiculado críticas "injuriosas e caluniosas" e afirmado que "que em hipótese alguma os mesmos assumiriam seus cargos como adidos". Lasserre é associado pela Fenapef a uma investigação sobre Lula, que correu em sigilo na Polícia Federal até o ano passado.
O delegado, que na época assessorava a CPI do Narcotráfico na Câmara, enviou ao coordenador-geral central da PF, em nome da comissão, denúncia segundo a qual Lula seria "possuidor de alguns imóveis registrados em nome de terceiros [laranjas]".
A acusação não foi provada. Os delegados alegam que ficaram entre os três melhores colocados no processo de seleção feito para o preenchimento dos cargos de adido, previsto em regulamento. Em 2002, os dois haviam sido informados pela PF de que seriam os novos adidos e chegaram a passar por estágio de preparação na Academia Nacional de Polícia.
O presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Armando Coelho, disse que protestará no ministério contra o retardamento das nomeações de Mallmann e Lasserre.


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