JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), ofereceu ontem ao ex-governador paulista Orestes Quércia (PMDB) -alvo de duros ataques dos petistas no passado- participação efetiva dos peemedebistas em seu secretariado, na eventual segunda gestão.
Em troca, o PT quer o apoio do PMDB à reeleição de Marta Suplicy ainda no primeiro turno deste ano. Mas Quércia, que se reuniu ontem à tarde com a prefeita na nova sede da administração municipal, o antigo prédio do Banespa, no centro, pediu mais.
O ex-governador quer o posto de candidato a vice-prefeito na chapa de Marta para o seu PMDB. Os dois, acompanhados de secretários e vereadores, discutiram a composição a portas fechadas, antes dos partidos anunciarem o apoio formal da bancada do PMDB na Câmara Municipal ao governo municipal, o que, na prática já vinha ocorrendo havia pelo menos três anos.
Segundo a Folha apurou, os petistas ofereceram ao PMDB postos-chave e pastas com orçamentos reforçados em uma futura administração. Uma delas, a Habitação, pode vir ainda neste ano.
Quércia e Marta não participaram da entrevista coletiva em que o secretário de Governo, Rui Falcão (PT), afirmou que o PMDB, não entrará no atual governo municipal, acenando apenas com a participação em 2005, caso Marta se reeleja neste ano.
"Nós entendemos que abrir um arco de alianças [eleitorais], que também vem sendo praticada com sucesso no plano nacional, com o PMDB, com o PTB, com o PL e com o PC do B, partidos que têm nos apoiado na Câmara, cria uma expectativa de um governo ainda melhor a partir de 2005", disse Falcão.
O acordo da prefeita com o ex-governador pode selar a união de tradicionais rivais no passado, quando Quércia, à frente do Estado (março de 1987 a março de 1991), foi alvo constante de ataques dos principais petistas.
No âmbito federal, o PMDB foi incorporado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste mês. A direção nacional dos dois partidos discutem ainda uma aliança em torno das eleições deste ano. Quércia afirmou que, sem o posto de vice na chapa, pode lançar candidato próprio.
Questionado sobre a possibilidade, Quércia disse:"Acredito que sim [vai pedir o cargo de vice]."
O grupo político da prefeita dentro do PT reluta em aceitar a proposta porque ela tornaria praticamente inviável a saída de Marta, caso ela vença este ano, do comando da capital em 2006 para disputar o governo do Estado. Falcão e outros petistas, entre eles o atual vice-prefeito, Hélio Bicudo, pleiteiam a indicação.
O ex-governador também evitou vincular a formalização do apoio do PMDB ao PT a uma disputa por cargos apenas no atual governo municipal, que, na prática, tem pouco mais de seis meses para continuar na prefeitura.
"Acho que, como o PMDB já começou a votar [junto com o PT no começo da administração Marta], não precisou das secretarias e, então, não se deu nada ao PMDB", afirmou Quércia, apesar de lembrar que, agora, será "bom" ter alguma participação efetiva.
Depois de deixar claro que o PMDB busca indicar o candidato a vice-prefeito numa futura chapa com Marta, Quércia insinuou que o partido pode buscar outras alianças. Falou em "lançar candidato próprio" e em conversar com outros partidos, mas admitiu que a aproximação com o PT é grande.
"Evidentemente, em razão dessa composição nacional, a prioridade seria uma conversação com o PT. Não é obrigatório. Mas existe uma tendência", disse.


Texto Anterior: Outro lado: Banco nega haver conflito de interesses
Próximo Texto: Túnel do tempo
Índice