|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo diz ter atingido 95% da meta de assentamentos
Desenvolvimento Agrário anuncia que 381.419 famílias receberam terra em quatro anos
Contag contesta os dados divulgados ontem dizendo que eles não condizem com o número de famílias ainda à espera de assentamento
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Contestado por movimentos
ligados à questão agrária, o governo Lula divulgou ontem ter
alcançado 95% da meta de assentamentos do primeiro mandato, prevista no Plano Nacional de Reforma Agrária
(PNRA), lançado em 2003.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, foram
assentadas 381.419 famílias em
31,6 milhões de hectares em
quatro anos -o plano previa
400 mil. Metade das famílias
foram assentadas no Norte
(49,22%). O Sul e o Sudeste tiveram os menores índices:
2,55% e 3,62%.
Pelos números do governo,
trata-se "do melhor desempenho da história do Incra". Segundo a pasta, a média de famílias assentadas por ano sob Lula foi de 95 mil famílias, contra
média de 67 mil famílias/ano
no governo FHC (1995-2002).
A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da
Agricultura) contestou os dados divulgados e criticou o governo por não priorizar o assentamento dos agricultores
acampados. Segundo levantamento da Ouvidoria Agrária,
subordinada ao ministério, de
2006, são cerca de 1 milhão de
acampados no país.
"Contestamos esse número.
Queremos ver o detalhamento.
Se tivessem sido assentadas
quase 400 mil "novas" famílias,
os movimentos sociais não teriam 220 mil famílias na beira
das estradas. Praticamente o
mesmo número que tínhamos
em 2003", afirma Paulo Caralo,
diretor de Política Agrária e
Meio Ambiente da Contag.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
informou ontem que não comentaria os números até obter
a relação dos assentados, por
Estados, e o número de terras
desapropriadas e adquiridas. O
MST também quer saber quais
os assentamentos feitos em
projetos novos e antigos.
No ano passado, o MST contestou o número de assentamentos divulgado para 2005
(127 mil famílias). Para o movimento, a estatística foi inflada
por assentamentos antigos.
O ministério informou que
nos próximos dias divulgará o
restante dos números, com divisão regional e dados sobre regularização fundiária (a meta
do PNRA para regularização
era de 500 mil famílias).
Os movimentos de sem-terra
também criticam a concentração de assentamentos no Norte. "É uma crítica com viés político. É onde os movimentos são
menos organizados. Tenho
uma convicção que é uma obrigação do Estado assentar gente
no Norte e em terras públicas.
O assentamento na área também combate o desmatamento", defendeu-se o ministro da
pasta, Guilherme Cassel.
Texto Anterior: Saúde: Índios morrem com diarréia em Rondônia Próximo Texto: Deputados aumentam salários em Alagoas Índice
|