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SETOR ELÉTRICO
Falando de empresas do Rio, ministro realiza crítica a colegas de governo
Para Motta, Light e Cerj são 'vergonha'
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
O ministro das Comunicações,
Sérgio Motta, disse ontem que as
empresas de energia do Rio, Light
e Cerj, "envergonham o processo
de privatização do Brasil".
"Se acontecesse na minha área
um episódio como o da Cerj e o da
Light, eu interviria nas empresas e
daria a multa que a minha lei permite, que são R$ 50 milhões", afirmou Motta em São Paulo, logo depois da solenidade de posse de Andrea Matarazzo na Secretaria da
Energia do Estado.
Para ele, o problema das empresas é o mau atendimento ao consumidor e a falta de projetos de expansão e recuperação da rede.
As críticas de Motta atingem o
próprio governo do qual ele faz
parte. A responsabilidade pela regulamentação e fiscalização do setor é da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica), que fez exigências à Light no final do ano
passado, mas não chegou a adotar
as punições sugeridas por Motta.
Outras vítimas indiretas das afirmações de Motta são o filho do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, Paulo Henrique, que é
assessor especial do diretor de Administração da Light, Edésio de
Oliveira, e o governador do Rio, o
tucano Marcello Alencar.
As afirmações de Motta ainda
atingem indiretamente o ministro
das Minas e Energia, Raimundo
Britto, responsável pelo setor.
Motta deu palpites sobre outra
área do ministério de Britto, a Petrobrás. Segundo ele, a empresa é
o último "esqueleto" da República, que precisa ser desmontado
"osso a osso". "A Petrobrás tem
de deixar de estar a serviço de um
pequeno grupo de funcionários e
passar realmente a trabalhar pelo
benefício do povo brasileiro."
Outro lado
O governador Marcello Alencar
disse que o Estado não cometeu
nenhuma falha no processo de
privatização da Cerj.
"A Cerj era uma sucata. Fizemos o processo de privatização da
empresa da forma mais clara possível. O Estado fiscaliza os serviços
da Cerj, por meio da agência reguladora. Mas quem não conhece o
Serjão?", disse Alencar.
O gerente de Relações Corporativas da Cerj, José Luís Echenique,
disse que a direção da companhia
ficou "surpresa" com as críticas.
Segundo Echenique, a Cerj está
cumprindo seu plano de investimentos. No ano passado, teriam
sido investidos R$ 130 milhões,
mesma quantia prevista para 98.
Em nota oficial, a diretoria da
Light afirmou que a empresa
"também não está satisfeita" com
as interrupções no fornecimento
de energia elétrica em bairros do
Rio no final de 97 e no início de 98.
A companhia atribui esses fatos
"às variações climáticas excepcionais e ao forte crescimento do
consumo neste período do ano".
De acordo com a Light, os índices de qualidade dos serviços prestados melhoraram em média 25%
na área de concessão ao longo do
ano passado, o que teria sido resultado de um programa de investimentos de R$ 340 milhões.
Covas
No papel de melhor incentivador de tucanos que o PSDB tem,
Motta voltou a insistir na candidatura de Mário Covas à reeleição.
Motta afirmou que Covas não
tem o direito de recusar a candidatura. Para o ministro, a eventual
reeleição do governador é o primeiro passo para que ele dispute a
Presidência em 2002.
"É uma responsabilidade histórica da nossa vida", disse Motta. O
ministro lembrou que faz política
há 40 anos e engasgou quando
tentou calcular o tempo de militância do ex-governador e hoje senador Franco Montoro.
"O governador Montoro, então... já teve gente que perguntou
se ele era um clone. Não é, é o próprio senador Montoro! Tem gente
que já cutuca ele. Vai lá, mexe. É
ele mesmo!", disse, sob risos da
platéia e de Montoro.
O apelo para que Covas seja candidato foi feito também pelo
ex-secretário da Energia David
Zylbersztajn e por seu substituto,
Andrea Matarazzo.
Covas só tocou no assunto no final de seu discurso. "Eu não sei o
que será o futuro." Mas, depois de
pausas que provocaram expectativa na platéia, acrescentou: "Se alguém espera (ouvir) mais alguma
coisa...Eu sempre disse que não é
para convidar o Serjão (Sérgio
Motta) para essas coisas".
Em entrevista depois da solenidade, Covas voltou a afirmar que
não é candidato.
Colaborou a Sucursal do Rio
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