São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 1998

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Educação vira tema prioritário

do enviado especial

Sai livre comércio, entra educação. Parece o inevitável desfecho para a 2ª Cúpula das Américas, marcada para abril em Santiago do Chile, destinada, em tese, a lançar as negociações para a ambiciosa Alca.
É o acrônimo para Área de Livre Comércio das Américas, que englobaria, a partir de 2005, os 34 países americanos, excluída Cuba.
Mas, ontem, ao chegar para uma audiência com o presidente FHC, o assessor especial de Bill Clinton para a América Latina, Thomas McLarty, cumprimentou assim o ministro brasileiro da Educação, Paulo Renato Souza: "Estamos caminhando para a cúpula da educação".
É praticamente inevitável erigir educação como um grande tema para substituir a área de livre comércio: sem que o Congresso dos EUA conceda ao Executivo o chamado "fast track" ("via rápida"), não há a menor chance de uma negociação séria sobre liberalização do comércio.
A "via rápida" é o mecanismo pelo qual o Executivo fica autorizado a negociar acordos comerciais que o Congresso depois ratifica ou rejeita em bloco, sem possibilidade de apresentar emendas.
País algum negociará a sério com os EUA sabendo que qualquer acordo poderá ser retaliado depois pelo Congresso.
FHC e McLarty discutiram a cúpula de Santiago, dando mais ênfase justamente ao tema da educação, confirmando de resto a premonitória saudação do assessor de Clinton ao ministro Paulo Renato.
O chanceler chileno, José Miguel Insulza, que será o anfitrião da cúpula, confirmou à Folha que, embora as negociações devam ser lançadas em Santiago, tal como previsto, não irão longe sem o "fast track".
"Ninguém poderia imaginar que esse tipo de negociação se faria em um ano. Vai levar cinco ou seis anos", disse Insulza.
É justamente o prazo preferido pelo governo brasileiro, que acha que a economia do país necessita mais tempo antes de abrir-se para a mais poderosa economia do mundo, a norte-americana.
Mas é o contrário do que gostariam os EUA, que têm pressa na construção da Alca, uma pressa desmontada pela negativa do Congresso em conceder a "via rápida". (CR)


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