São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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NOVO CONGRESSO
Peemedebistas tentam formar bloco com PTB; tucanos e pefelistas ameaçam não apoiar reeleição de Temer
PFL e PSDB reagem a articulação do PMDB


LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília


O PFL e o PSDB reagiram à articulação do PMDB para atrair novos deputados e formar um bloco com o PTB. Os dois partidos ameaçam a reeleição do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Mas o PMDB já está recuando.
"Casuísmo, não. Aí fica difícil segurar o acordo. O PMDB já terá o presidente, mesmo sendo o terceiro partido da Casa. Agora, ainda quer comandar o processo legislativo", afirmou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Ele se referia ao acordo dos partidos governistas que garante a reeleição de Temer na Câmara e de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no Senado. Sem o acordo, o próprio Inocêncio concorreria à presidência da Câmara.
O líder do PFL e o líder do PSDB, Aécio Neves (MG), se reúnem na segunda-feira para reavaliar o acordo com o PMDB. Os dois chegaram a pensar em formar um bloco com o PPB, mas contam com um recuo do PMDB.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), afirmou ontem que "dificilmente" será formado o bloco com o PTB e que não está "cooptando" deputados de outros partidos. "Nós é que estamos sendo procurados. Não tenho culpa se o partido tem charme."
Na luta para ter a maior bancada no Congresso, o PMDB buscou a adesão de deputados de pequenos e médios partidos, atingindo principalmente o PPB. Parlamentares pepebistas afirmam que a cúpula do PMDB estaria oferecendo vantagens pessoais, cargos e verbas do Orçamento para atrair deputados.
Quem tem a maior bancada indica os presidentes das principais comissões e os relatores dos projetos de maior interesse. O tamanho das bancadas também influencia na distribuição dos ministérios.
O PFL elegeu 106 deputados, o PSDB elegeu 99, e o PMDB, 82. Mas o que vai valer para definir o comando do processo legislativo serão as bancadas registradas no dia 1º de fevereiro.
Inocêncio tem uma preocupação: se o PPB perder muitos deputados, perderá a condição de quarta bancada para o PT.
Com isso, os petistas assumiriam a segunda vice-presidência, que exerce a Corregedoria da Casa.
"Eu ando na linha. Não tenho essa preocupação", respondeu Geddel. A Corregedoria coordena os processos de perda de mandato dos deputados.
O PMDB já garantiu a filiação de Osvaldo Reis (PPB-TO), Mário de Oliveira (PPB-MG) e Aníbal Gomes (PSDB-CE). Estão bem encaminhadas as filiações de Flávio Derzi (PPB-MS), Salatiel Carvalho (PPB-PE) e João Colaço (PSB-PE).
Mesmo criticando o PMDB, os líderes do PFL e do PSDB também buscaram adesões. O PSDB afirma que conseguiu a adesão dos deputados Aírton Cascavel (PPB-RR), Welinton Fagundes (PL-MT) e Antônio Carlos Batata (PSB-PE).
O PFL está negociando as filiações do governador de Roraima, Neudo Campos (PPB), e de mais três deputados federais do Estado: Luis Barbosa (PPB), Robério Araújo (PPB) e Salomão Cruz (PSDB). O senador Romero Jucá (RR), adversário de Campos, trocou o PFL pelo PSDB.
Os deputados do PPB ouvidos pela Folha afirmaram que o partido "perdeu o rumo" após a derrota eleitoral do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf. "Maluf era a âncora do partido. Ele sofreu uma derrota, e o partido ficou desarticulado", disse Salatiel.



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