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Fidel sabe criar fome, diz assessor de Bush
Dan Fisk comenta fala em que cubano afirma que estímulo à produção de biocombustíveis provocará a morte de 3 bilhões de pessoas
Nos EUA, chanceler Celso Amorim disse discordar de avaliação feita por ditador,
apesar de defender que ele expresse suas opiniões
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
"Se há alguém que sabe como
criar fome, é Fidel Castro." Assessor da Casa Branca para a
América Latina, Dan Fisk respondia a pergunta da Folha sobre declaração publicada no
jornal oficial "Granma" em que
o ditador cubano afirma que o
atual boom de biocombustíveis
provocará a morte de 3 bilhões
de pessoas por fome.
Ele dizia que acreditava que,
nas conversas sobre a América
Latina que os presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva e George
W. Bush terão hoje em Camp
David, o assunto Cuba ira aparecer. "Só quero acrescentar
um comentário, já que você me
deu a oportunidade", afirmou
Fisk, "para dizer que, se há alguém que sabe como criar fome, é Fidel Castro." Completaria: "E também sabe como não
fazer etanol".
A crítica do cubano ainda seria refutada indiretamente em
artigo assinado por Lula e publicado na edição de ontem do
"Washington Post" (leia texto
nesta página).
Em encontro com jornalistas
ontem, o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim,
também comentaria o assunto.
"Sou muito a favor da liberdade
de opinião, o Fidel Castro tem
uma opinião sobre isso, é valida", disse. "Com a opinião em
si eu não concordo, mas que ele
a expresse, sim, deve ter estudado o assunto."
Depois, o chanceler brasileiro informaria que, em reunião
com a secretária de Estado dos
EUA, Condoleezza Rice havia
dito a ele que lera o artigo de
Lula e tinha "apreciado muito".
Doha
Em relação à Rodada Doha,
houve um endurecimento da
equipe brasileira em relação às
negociações entre os dois países, a menos de 24 horas do encontro dos dois líderes.
"Talvez seja o caso de tentar
mostrar, reforçar na consciência do próprio presidente Bush,
dos lideres americanos, a idéia
de que o momento é chegado.
Não há muito mais como esperar que as coisas aconteçam."
"As próprias conversas técnicas já chegaram a seu limite,
não podem dar muito mais,
agora são decisões políticas que
devem ser tomadas." Ele acabara de se encontrar com Condoleezza e partiria para reunião
com a negociadora comercial
dos EUA, Susan Schwab.
Para o chanceler, "não interessa a ninguém que o acordo
volte à geladeira". A rodada de
negociação de comércio exterior está travada desde 2006.
Brasil e países em desenvolvimento querem que EUA diminuam seus subsídios agrícolas; em troca, os americanos e a
União Européia querem maior
acesso aos mercados.
Pela manhã, Dan Fisk dizia
que a Rodada Doha estava "no
topo da agenda" do encontro
dos dois líderes hoje. Comentando as dificuldades de se chegar a um consenso numa negociação desse tamanho, afirmou:
"Isso não significa trancar as
pessoas numa sala e desligar o
aquecimento ou o ar condicionado até que você chegue a um
acordo".
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