São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

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Fidel sabe criar fome, diz assessor de Bush

Dan Fisk comenta fala em que cubano afirma que estímulo à produção de biocombustíveis provocará a morte de 3 bilhões de pessoas

Nos EUA, chanceler Celso Amorim disse discordar de avaliação feita por ditador, apesar de defender que ele expresse suas opiniões

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

"Se há alguém que sabe como criar fome, é Fidel Castro." Assessor da Casa Branca para a América Latina, Dan Fisk respondia a pergunta da Folha sobre declaração publicada no jornal oficial "Granma" em que o ditador cubano afirma que o atual boom de biocombustíveis provocará a morte de 3 bilhões de pessoas por fome.
Ele dizia que acreditava que, nas conversas sobre a América Latina que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush terão hoje em Camp David, o assunto Cuba ira aparecer. "Só quero acrescentar um comentário, já que você me deu a oportunidade", afirmou Fisk, "para dizer que, se há alguém que sabe como criar fome, é Fidel Castro." Completaria: "E também sabe como não fazer etanol".
A crítica do cubano ainda seria refutada indiretamente em artigo assinado por Lula e publicado na edição de ontem do "Washington Post" (leia texto nesta página).
Em encontro com jornalistas ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também comentaria o assunto. "Sou muito a favor da liberdade de opinião, o Fidel Castro tem uma opinião sobre isso, é valida", disse. "Com a opinião em si eu não concordo, mas que ele a expresse, sim, deve ter estudado o assunto."
Depois, o chanceler brasileiro informaria que, em reunião com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice havia dito a ele que lera o artigo de Lula e tinha "apreciado muito".

Doha
Em relação à Rodada Doha, houve um endurecimento da equipe brasileira em relação às negociações entre os dois países, a menos de 24 horas do encontro dos dois líderes.
"Talvez seja o caso de tentar mostrar, reforçar na consciência do próprio presidente Bush, dos lideres americanos, a idéia de que o momento é chegado. Não há muito mais como esperar que as coisas aconteçam."
"As próprias conversas técnicas já chegaram a seu limite, não podem dar muito mais, agora são decisões políticas que devem ser tomadas." Ele acabara de se encontrar com Condoleezza e partiria para reunião com a negociadora comercial dos EUA, Susan Schwab.
Para o chanceler, "não interessa a ninguém que o acordo volte à geladeira". A rodada de negociação de comércio exterior está travada desde 2006.
Brasil e países em desenvolvimento querem que EUA diminuam seus subsídios agrícolas; em troca, os americanos e a União Européia querem maior acesso aos mercados.
Pela manhã, Dan Fisk dizia que a Rodada Doha estava "no topo da agenda" do encontro dos dois líderes hoje. Comentando as dificuldades de se chegar a um consenso numa negociação desse tamanho, afirmou: "Isso não significa trancar as pessoas numa sala e desligar o aquecimento ou o ar condicionado até que você chegue a um acordo".


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