São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

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POLÍTICA NO ESCURO

PFL faz exigências e traz problemas a FHC

Partido veta peemedebista inimigo de ACM para Integração Nacional e tucano na liderança do governo no Senado

KENNEDY ALENCAR
VERA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nem bem terminou de gerenciar a crise da renúncia de Antonio Carlos Magalhães, o presidente Fernando Henrique Cardoso enfrenta outro problema. O PFL veta um tucano para a liderança do governo no Senado e não quer um inimigo de ACM no Ministério da Integração Nacional.
O veto ao tucano Geraldo Mello (RN) para líder do governo no Senado é público. Ele seria indicado ontem. A objeção sobre o ministério é feita nos bastidores.
O PFL não quer o peemedebista Ramez Tebet (MT), presidente do Conselho de Ética do Senado que levou ACM à renúncia. Tebet é o mais cotado para o cargo. Outros dois peemedebistas que seriam malvistos pelos pefelistas são o deputado Benito Gama (BA), ex-carlista, e Moreira Franco (RJ), assessor especial de FHC e desafeto de ACM. Os três principais postulantes melindram ACM.
"Não é prudente, na hora em que o governo quer apaziguar a base, deixar o PFL fora de uma liderança do governo. Estamos fazendo uma advertência que pode virar guerra", disse o líder do PFL no Senado, Hugo Napoleão (PI).
O PFL deseja que o posto seja ocupado pelo senador José Agripino Maia, adversário de Melo no Rio Grande do Norte e que sempre se aliou ao Planalto nos choques entre o governo e ACM.
"O PFL quer uma repartição equânime, dando aos partidos aliados um tratamento igual e não indicar mais um líder do PSDB. [..." Entretanto, o partido decidiu que não vai seguir a orientação do líder do governo [se Mello for indicado"", disse Agripino.
Segundo ele, FHC conversou anteontem com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, até as 23 horas e não falou que pretendia indicar Mello para a liderança.
Bornhausen (SC) transmitiu a FHC que o partido receberá como uma bofetada a indicação de Tebet, Benito ou Moreira para a Integração Nacional. O PMDB quer decidir o novo ministro hoje.
"A crise [ACM" acaba de deixar o Senado. Espero que o PFL reabra diálogo em benefício do país. O PMDB vai tratar de ministério com o presidente, que é quem escolhe o ministro que quiser", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
"A renúncia [..." recria as condições para o rearranjo da base de sustentação do governo no Congresso. No entanto, o governo precisa fazer a sua parte e retomar a iniciativa política", disse o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), sugerindo não aceitar veto do PFL a peemedebistas.
Os tucanos também avaliam que FHC não deve ceder. Julgam que FHC está no pior momento do governo e não pode demonstrar fraqueza de autoridade agora.
Segundo um auxiliar, FHC vive um momento-chave. A previsão no Palácio do Planalto é que a crise energética ainda vai abalar mais a popularidade presidencial.
Ou FHC aproveita a renúncia de ACM para reorganizar seus aliados ou poderá agravar rachas nos partidos governistas e perder o controle sobre os assuntos de seu interesse no Congresso.
FHC deu sinais de que não vai ajudar a fazer do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), a bola da vez. Jader é acusado de envolvimento em irregularidades na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.



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