São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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PMDB cobra de tucanos a solução para entraves regionais à aliança

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB vai cobrar do PSDB a solução de alguns conflitos regionais entre as duas siglas que podem ameaçar a homologação da aliança na convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 15. A cúpula peemedebista entende que os tucanos é que estão criando problemas.
Segundo o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), o que dependia do partido já foi feito, inclusive a indicação da candidata a vice, Rita Camata (ES). Agora, acredita Temer, se os tucanos fizerem sua parte, a homologação da aliança ocorrerá de forma tranquila: a direção da sigla estima ter entre 60% e 70% dos votos dos convencionais.
"Cabe agora ao PSDB resolver algumas questões", disse Temer. Duas delas preocupam especialmente os peemedebistas: as de Santa Catarina e da Paraíba, seções que sempre acompanharam o comando partidário. Mas, nos dois casos, o PSDB joga a culpa do desentendimento no PMDB.
Em Santa Catarina, a situação parece mais fácil: o PMDB admite até que os tucanos lancem um candidato próprio ao governo estadual, em vez de repetir no plano estadual a coligação nacional. Só não quer que o PSDB faça uma aliança com o governador Esperidião Amin (PPS).
Na Paraíba, a contrariedade do governador José Maranhão é com o fato de o PSDB negociar uma coligação com o PFL. Os tucanos argumentam que o governador recusou se aliar a eles, que ficaram então sem outra alternativa a não ser os pefelistas.
A Paraíba é um colégio eleitoral importante do PMDB, pois envia 28 delegados à convenção nacional do partido. O pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, está envolvido pessoalmente para resolver o problema. Até agora, sem êxito.
O namoro de Orestes Quércia (SP) com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não incomoda o comando peemedebista e foi até comemorado na campanha de Serra.
O "deslize" de Lula, como foi registrado na própria campanha petista: dizer que nenhuma condenação até hoje foi concretizada contra Quércia.
"O Lula absolveu o Quércia, o Maluf [Paulo", o Collor [Fernando", todo mundo", disse Serra a um interlocutor ontem no Rio, quando se preparava para embarcar para Pernambuco, onde hoje estará em Petrolina em um ato político que contará com a participação do PFL.
"O Quércia está usando o PT para passar um detergente em sua biografia, o Lula está usando o Quércia para fazer um factóide", disse o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima. Para o deputado, a possibilidade de uma aliança do PT com o PMDB passar na convenção, como propõe Quércia, "é zero".
Quércia domina o diretório paulista, mas Temer tem quase a metade dos convencionais. Já o senador Pedro Simon (RS), citado por Quércia para a vice de Lula numa eventual aliança, dificilmente entraria na empreitada: o PT é o adversário do PMDB no Rio Grande do Sul.


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