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GOVERNO
Senador diz que há insatisfação com a falta de organização dos programas
Mudança ministerial afetará área social, diz Mercadante
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (SP), afirmou
ontem que a reestruturação ministerial que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fará após a
aprovação das reformas da Previdência e tributária não deverá se
limitar a uma recomposição política para acomodar o PMDB no
governo. Está em estudo uma
reorganização administrativa,
com a possibilidade de mudança
no atual número de ministérios. A
área social é o alvo principal.
A aprovação das reformas constitucionais e o ingresso do PMDB
no governo darão início a uma
nova etapa da gestão Lula, segundo Mercadante. Para enfrentá-la,
o presidente "vai fazer um balanço do desempenho, da organicidade e da funcionalidade do governo" e, a partir daí, montar uma
estrutura mais eficiente.
Segundo o senador, a reestruturação não seria apenas na "composição política do ministério".
"Os aliados que já estão nós queremos que permaneçam. Queremos ampliar, por isso é o PT que
deve abrir espaço para a entrada
do PMDB na nossa cota de governo. Mas é possível que o presidente faça também uma reestruturação administrativa", afirmou.
Embora ainda não haja definição sobre o novo formato do ministério que já estaria em estudo,
ele disse que as principais mudanças deverão ocorrer na área social.
Mercadante deixa claro que há
uma insatisfação, dentro do núcleo do governo, com a falta de organização e de consistência de alguns programas sociais. A organização ministerial, do jeito que está
hoje, estaria atrapalhando a eficiência desses programas.
O que se busca, segundo ele, é
uma forma de "aumentar a consistência sistêmica dos programas
[sociais] e não permitir a dispersão, a superposição ou as competências concorrentes".
Na opinião de Mercadante, o
Fome Zero está se consolidando
como uma política inovadora,
mas, como há outros programas
na área social, é preciso buscar
"consistência e organicidade".
Programas
No governo petista há seis programas de transferência de renda,
que estão sob a responsabilidade
de diferentes ministérios: Bolsa-Escola (Educação), Bolsa-Alimentação (Saúde), Erradicação
do Trabalho Infantil e Agente Jovem (Assistência Social), Cartão
Alimentação do Fome Zero (Segurança Alimentar) e Vale-Gás
(Minas e Energia). Ainda há o
Bolsa-Renda, que está suspenso,
mas ficava sob os cuidados do Ministério da Integração Nacional.
Lula criou dois ministérios novos na área social: o de Segurança
Alimentar e Combate à Fome,
ocupado por José Graziano, e o de
Assistência e Promoção Social,
sob o comando de Benedita da
Silva. Este último era apenas uma
secretaria do Ministério da Previdência no governo passado.
PMDB
Nesta semana, Mercadante e o
ministro José Dirceu (Casa Civil)
deixaram claro que o PT terá de
ceder lugar ao PMDB no ministério, já que Lula não pretende mexer nos atuais aliados -PL, PDT,
PSB, PPS, PV, PTB e PC do B, cada
um ocupando um ministério-,
com os quais espera contar até o
fim do seu mandato.
A novidade, agora, é que Mercadante admite a possibilidade de
haver também uma reestruturação administrativa, além da política. Outro ponto salientado por
Mercadante cujos estudos estão
em fase adiantada é a definição do
novo papel das agências reguladoras.
A reforma ministerial ocorrerá
após a aprovação das reformas da
Previdência e do sistema tributário, que -o governo espera-
darão as condições para que o
país inicie uma nova etapa econômica e política.
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