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Deputados empregaram funcionários da Planam
Três parlamentares contrataram pessoas
ligadas à empresa que chefiaria esquema
Sandra Rosado e Benedito
Dias empregaram sobrinha
de suposto líder da máfia;
Nilton Capixaba contratou 2
ex-empregados da empresa
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Câmara dos Deputados
abrigou até meados deste mês
ex-funcionários da empresa
Planam, apontada como a responsável pela orquestração da
máfia dos sanguessugas, e pelo
menos um integrante da família de Darci Vedoin, sócio-proprietário da empresa.
Uma sobrinha de Vedoin, Paloma Vedoin Brondani, trabalhou como assessora parlamentar nos gabinetes dos deputados Benedito Dias (PP-AP), entre junho de 2003 e janeiro de 2004, e Sandra Rosado
(PSB-RN), entre maio de 2004
e junho de 2005.
Roque José Brondani, cuja
relação exata de parentesco
com Paloma Brondani a Folha
não conseguiu identificar ontem, foi assessor parlamentar
da 3ª secretaria da Câmara em
2003 e 2004, e da 2ª secretaria,
em 2005 e 2006. Em ambas as
ocasiões, os órgãos eram comandados pelo deputado Nilton Capixaba (PTB-RO).
O petebista é o parlamentar
contra o qual pesa a maior suspeita de participação no esquema dos sanguessugas, que veio
à tona no início de maio depois
que a Polícia Federal prendeu
mais de 40 pessoas, incluindo
dois ex-deputados, e quatro integrantes da família Vedoin.
Gravações telefônicas e perícia na contabilidade da Planam
indicam que deputados e senadores recebiam propina da empresa para incluírem no Orçamento da União verbas para
aquisição de ambulâncias para
prefeituras. Após licitações forjadas, os veículos, superfaturados, seriam adquiridos da Planam. Capixaba tem diálogos
gravados de assessores que o
comprometem. Além disso, a
contabilidade da Planam registra pagamento a ele ou a assessores de pelo menos R$ 380 mil
entre 2001 e 2002. Também
era sob o comando de Capixaba
que pelo menos dois ex-funcionários da Planam trabalhavam
na Câmara dos Deputados.
Francisco Machado Filho e
Celso Augusto Mariano aparecem na contabilidade da empresa como funcionários em
2001. Nos anos seguintes, figuram na lista de assessores de
Capixaba. O primeiro foi preso
na operação da PF e, segundo
seu advogado, confirmou que
cedeu a Vedoin sua conta bancária e a senha do sistema de
acompanhamento de emenda.
Ele foi exonerado da 2ª secretaria da Câmara, comandada
por Capixaba, no dia 15, mesmo
dia em que saiu o ato de exoneração de Roque Brondani.
Paloma e Brondani não estão
entre os 54 indiciados na Operação Sanguessuga, mas a PF e
o procurador da República Mário Lúcio Avelar afirmaram que
as investigações continuam.
Outros empregadores
Benedito Dias e Sandra Rosado, que empregaram a sobrinha
de Vedoin, também figuram na
lista de suspeitos de integrar o
esquema. Dias aparece na contabilidade da Planam como recebedor de R$ 17 mil. Além disso, um ex-assessor seu, Erick
Janson Sobrinho de Lucena, foi
sócio de Vedoin e recebeu depósitos no valor de R$ 15 mil
em julho de 2004.
Já Rosado tem ex-assessores
e o seu marido, o ex-deputado
Laire Rosado, registrados nos
documentos apreendidos pela
PF na Planam como beneficiários de vários pagamentos.
A sistemática da relação entre a Planam e o Congresso foi
exemplificada pela ex-funcionária do Ministério da Saúde
Maria da Penha Lino -suposto
braço da quadrilha no Executivo- em depoimento à Corregedoria da Câmara. Ela trabalhou
na Planam e, antes de ir para o
ministério, foi assessora nos
gabinetes de José Divino (PRB-RJ) Amauri Gasques (PL-SP).
Quando era funcionária de Divino, disse que recebia R$ 600
como salário no gabinete e R$
3.400 como complementação
da Planam. O deputado nega ligação com as irregularidades.
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