São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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Tucano acusa Ciro de usar tática do "pega-ladrão"

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O candidato do governo à Presidência, José Serra (PSDB), acusou ontem Ciro Gomes e a cúpula da campanha do candidato do PPS de usarem a "estratégia do pega-ladrão" quando o apontam como responsável pelas denúncias contra o coordenador da campanha, José Carlos Martinez (PTB), e o vice da Frente Trabalhista, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
"Você pode estar certo de uma coisa: o coordenador-geral da campanha de Ciro ter sido sócio de PC Farias e ter negócios [com a família de PC" até hoje, não é fruto da imaginação de ninguém; o fato de seu vice [de Ciro" ter problemas tão graves na direção do seu sindicato [a Força Sindical", ou na vida privada, não é invenção de ninguém", afirmou o candidato tucano ontem, em Curitiba.
O presidenciável se referia à reportagem da Folha de 12 dias atrás, revelando que Martinez tomou emprestado o equivalente hoje a R$ 27,85 milhões do tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, em 1991, e que ainda deve parte da dívida aos herdeiros. PC morreu em 1996.
Reportagem da revista "Época" desta semana informa que Paulinho é suspeito de envolvimento na compra superfaturada de uma fazenda em Piraju, no interior do Estado de São Paulo, com recursos federais, e de manter um sítio em nome de um "laranja" durante três anos.
"Eles estão adotando a estratégia do pega-ladrão, aquela do sujeito que bate carteira no calçadão e sai correndo com a carteira gritando pega-ladrão, pega-ladrão, para distrair os transeuntes. No caso, é essa a estratégia, absolutamente inaceitável", disse o candidato tucano.
A resposta veio depois de ser questionado sobre o comentário atribuído a Ciro de que ele (Serra) representa o "dragão da maldade". A reação também foi dirigida à nota de anteontem de Martinez, onde o coordenador-geral da campanha de Ciro diz que o candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso "é portador do ódio".

Pastoral da Criança
Serra e a vice Rita Camata estiveram à tarde com a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns. No encontro, presidenciável e vice assinaram um documento em que se comprometem, se eleitos, a pôr em prática 22 itens sugeridos pela pastoral de ações de combate à exclusão social, principalmente da população infantil.
Segundo Zilda Arns, a pastoral distribuiu cópia do compromisso a todos os candidatos. Serra foi o primeiro a assinar. A coordenadora disse que o próximo da agenda é o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento que Serra e Rita assinaram contém programas já desenvolvidos pelo governo. É o caso da proposta de ampliação da Bolsa Escola, da Bolsa Alimentação e do cartão do SUS (Sistema Único de Saúde).

Multipartidarismo
O encontro reafirmou as afinidades entre Zilda Arns e o ex-ministro da Saúde. Ela não declarou voto ao tucano, mas fez afirmações como: "estou certa que ele vai implantar" [os programas com os quais o candidato se comprometeu", e "vai conseguir", quando Serra disse que pretende baixar para abaixo de 20 o índice da mortalidade infantil nos próximos quatro anos. Hoje, segundo ele, o índice é de 29 mortes por mil nascidos vivos.
Zilda afirma que tanto a posição dela como a da Pastoral da Criança é multipartidária.


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