São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Lula se diz vítima do "ódio" e pede que PT reaja a ataques

"Não levaremos desaforo para casa", diz presidente em evento em Florianópolis

Lula faz alusão a uma fala de Bornhausen para criticar a oposição e diz que erros do PT não são maiores que os "erros que eles cometeram"


Alan Marques/Folha Imagem
Em sua campanha à reeleição, o presidente Lula segura uma criança ao participar de um fórum sobre educação em Florianópolis


EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

Elevando o tom de seus ataques à oposição, citando inclusive o nazismo para responder ao PFL, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou o tema da ética na pauta da disputa eleitoral e convocou militantes petista a reagirem a todas as provocações dos adversários.
"Sem perder a ternura, temos de responder à altura. Vamos vender tranqüilidade, paz e amor para quem quiser. Mas não deixem [a oposição] chutar a canela de vocês", disse, em discurso de improviso a 2.000 pessoas em Florianópolis (SC).
Em sua fala, o presidente referiu-se diversas vezes ao "ódio" dos adversários à sua gestão, pedindo aos petistas que levantem a cabeça e reajam aos "desaforados" da oposição, que a seu ver estaria desesperada. "Não têm dados comparativos para disputar conosco. Mas eles [adversários] são desaforados. Eles resolveram vender a idéia que eles são éticos, e nós não somos éticos. Não levaremos desaforo para casa."
Lula citou sem nominar o senador catarinense Jorge Bornhausen, presidente do PFL, como autor de uma "agressão" que recorda a era nazista: "Um dia eu estava vendo televisão e ouvi um deles dizer: "Precisamos acabar com essa raça". Essa raça éramos nós. Eu não sei, Marco Aurélio [Garcia, coordenador do programa de governo do PT], você que é professor de história, se na época mais brava do nazismo as pessoas diziam assim uns dos outros", disse.
Em agosto de 2005, no auge da crise do mensalão, Bornhausen disse que o país ficaria "desta raça por, pelo menos, 30 anos". Para Lula, trata-se de uma "violência destemperada": "Porque eu nunca vi um gesto de violência tão profundo. Violência verbal, gratuita, destemperada, de alguém que quer ofender por ofender e que não demonstra em nenhum momento o que fez para dizer que foi melhor do que nós".
Bornhausen não quis polemizar. "O presidente Lula fala nesse tom porque sabe que vai ser fragorosamente derrotado em Santa Catarina. É um Estado politizado." No ano passado, cartazes mostrando o senador vestido de nazista causaram polêmica em Brasília.
A reação do presidente à oposição ocorre no momento em que pesquisas internas do PT indicariam perda de terreno em Estados de Sul e Sudeste. A tática de retomar espaço nessas regiões começou anteontem, em visita ao Rio Grande do Sul.
Na sexta, Lula participará de um jantar de adesão de empresários à sua candidatura em São Paulo e, no final de semana, deve percorrer o interior do Estado e passar por Belo Horizonte, Governador Valadares e Montes Claros, em Minas Gerais.
Ontem, Lula sinalizou que antigas bandeiras petistas, como ética, devem fazer parte da campanha. Mesmo após a crise do mensalão, ele disse que os erros petistas não são comparáveis aos da oposição. "Talvez esse [o campo ético] seja o único argumento que eles tenham pra atacar vocês na maioria dos Estados. Levantem a cabeça. Porque, mesmo quando uma parte do povo, ou uma parte de um partido ou de vários partidos, comete um erro, certamente esse erro não é maior do que os erros que eles já cometeram durante tantos e tantos anos em que governam o país".


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