São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Cenas

Por volta das 18h, entrou "breaking news" na BBC, na CNN e na Fox News com a suspensão dos ataques.
Até lá, nos canais de notícias e sites de jornais de EUA e Europa, a pressão das manchetes e imagens foi crescente. Primeiro na mesma BBC, de Qana:
- Este foi o primeiro de muitos corpos que vimos. Muitos de crianças. Eu contei cinco em dez minutos... É só o que você pode ver do sofrimento, mas através da região estas cenas estão se repetindo todos os dias.
A CNN, de início, não mostrou as crianças, depois mudou. A Fox News evitou as cenas ao longo do dia.
Nos sites, a home do "New York Times" não deu imagens nem sequer a notícia da morte de crianças -até a noite, quando abriu manchete para "Ataque mortal de Israel provoca escalada do conflito".
As páginas iniciais de "Guardian", "Le Monde", "El País" deram destaque crescente, mas sem as fotos.

 

Seguindo a cobertura, primeiro o britânico Tony Blair e depois o americano George W. Bush falaram em tom diverso dos dias anteriores -até a suspensão.


Na BBC, corpos de crianças são carregados em Qana

CORAÇÕES E MENTES
Paralelamente às cenas do Líbano, firmou-se a idéia de que, no dizer da Fox News, "o Hizbollah está conseguindo todo o apoio" na luta por "corações e mentes". Destacada pelo "NYT" na sexta, sob o título "Onda de opinião árabe se volta para apoiar Hizbollah", a notícia ecoou no "WP", ontem, sob o título "Muitos árabes aplaudem Hizbollah".

INÍCIO DE PROCESSO
Em meio à guerra, o site do "Financial Times" trazia como submanchete "EUA e Brasil ressuscitam a esperança de um acordo comercial".
A enviada americana, Susan Schwab, saiu dizendo que a reunião com Celso Amorim foi "o início de um processo que temos esperança que outros também vão apoiar". Já o chanceler disse ser "possível, mas não vai cair do céu".
De quebra, hoje no mesmo "FT", o comissário europeu, Peter Mandelson, defende a "volta à mesa de negociação".

TIO SAM
No "Observer", a explicação do tom amigável dos EUA, sob o título "Tio Sam pode encarar reação comercial global".
Para o prestigioso jornal, "o país está cada vez mais vulnerável a boicotes comerciais, com os emergentes culpando-o pelo colapso de Doha":
- Aliás, para os emergentes, o colapso é só mais uma razão para odiar Tio Sam.
Noutro texto, o título "Para Bush, acordo justo é fazer o que os fazendeiros querem".

BANANAS
O conservador Alvaro Vargas Llosa, no "Washington Post", se pergunta se o Mercosul ficou louco, no título "Has Mercosur gone Bananas?".
As razões seriam o apoio à candidatura da Venezuela a um assento temporário no Conselho de Segurança e o acordo assinado com Cuba.

O PETRÓLEO DE CUBA
Mas os EUA, ouvidos sobre o acordo do Mercosul com Cuba, não se opuseram, pelo que noticiou a BBC Brasil.
A explicação pode estar na longa reportagem da agência Associated Press, reproduzida nos sites de "Wall Street Journal" e "WP ontem, "A descoberta de petróleo em Cuba quebrará o embargo?".
Um "coro crescente de especialistas" diz que o embargo tem que cair, porque "as recentes e consideráveis descobertas na plataforma norte de Cuba já chamaram a atenção de empresas de China, Espanha, Venezuela e Brasil".
O Congresso dos EUA, aliás, já tem um projeto isentando suas petrolíferas do embargo.


SHOW DA VIDA Não tem fim a novela do julgamento de Suzane e Daniel, no "Fantástico", ontem com a dramatização dos diálogos gravados na própria sala

CANAL LIVRE
O site de mídia Comunique se destaca a estréia do comentarista Franklin Martins, saída da Globo, hoje no "Canal Livre Eleições", da Band.

A VELHA SENHORA
E o site Observatório da Imprensa destaca a "censura na "Revista do Brasil'", ordenada pelo TSE. Na manchete, "A velha senhora está vivíssima".

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@ - Nelson de Sá


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