São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Cota de Sérgio Moraes pode ter sido usada

Relatório da farra aérea aponta indícios de venda de passagens do "deputado que se lixa" por servidores

Sérgio Lima - 28.mai.08/Folha Imagem
Deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), durante sessão na Câmara

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A comissão de sindicância da Câmara que investigou a farra das passagens aéreas encontrou indícios de venda de bilhetes da cota parlamentar do deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS) por dois servidores da Casa. Moraes ficou famoso por ter dito que "se lixa para a opinião pública".
Trecho de sete páginas do relatório final, obtido pela Folha, mostra ainda que o empresário Vagdar Fortunato Ferreira, apontado como cabeça do esquema, disse ter um crachá que lhe dava acesso livre à Câmara, fornecido pelo deputado federal Roberto Rocha (PSDB-MA).
Em depoimento à comissão, Ferreira afirmou também que tinha autorização de Rocha para operar sua cota de passagens. Procurado pela reportagem, o empresário reconheceu ontem que tinha essa liberdade em diversos gabinetes.
"Que tem um crachá de autorizado emitido a pedido do deputado Roberto Rocha; que tem autorização para movimentar a cota do deputado pelo sistema Smart Business da TAM e pelo sistema de conta corrente da Gol", diz a reprodução de seu depoimento.
Ferreira relatou anteontem à Folha que vendia para agências de turismo créditos de passagens aéreas não utilizadas por deputados, com ajuda de servidores de gabinetes e muitas vezes com conhecimento dos parlamentares.
A comissão aponta contradição do agenciador ao afirmar que fazia "permuta" de créditos dos parlamentares com passagens supostamente fornecidas por sua agência de viagens de Brasília.
O relatório afirma que Ferreira primeiro negou, depois admitiu que comprou créditos de parlamentares (que ele não nomina).
"Num primeiro momento, [Ferreira] alegou jamais ter realizado transações em dinheiro para a compra de MCOs [sigla que designa os créditos das cotas de parlamentares]. [...] Num segundo momento, admitiu expressamente."
No caso de Sérgio Moraes, a comissão diz que identificou créditos de sua cota aérea para dois bilhetes agenciados por Ferreira, com o auxílio de dois servidores da Câmara, intermediadas pelos servidores Antônio Paulino Rodrigues Filho e Amilton Nunes da Silva.
"Verificou-se o nome do agenciador Vagdar Fortunato Ferreira em MCOs do parlamentar Sérgio Moraes, gerados a partir de requisições de passagens aéreas subscritas pelos dois últimos servidores citados." O trecho obtido pela Folha não deixa claro se os servidores responsabilizam diretamente Moraes.
(FÁBIO ZANINI e MARIA CLARA CABRAL)


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