São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Dilma encontra Bachelet e diz que Brasil já é maduro para ter "uma presidenta"

Sérgio Lima - 28.mai.08/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, em encontro ontem em hotel de São Paulo

FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão, Dilma Rousseff, teve uma boa oportunidade para defender a participação das mulheres em cargos públicos, incluindo a Presidência, ontem em São Paulo.
Aconteceu depois que a ministra da Casa Civil tomou café da manhã com a primeira mulher presidente do Chile, Michelle Bachelet. O encontro serviu, contou Bachelet, para que ela convidasse a ministra para um evento no Chile em setembro, justamente para falar do PAC.
Mas, como o temário incluiu a "troca de experiências" sobre como é ser mulher no comando no ainda masculino e sexista mundo político, foi a chance para Dilma elogiar o modelo pós-feminista de Bachelet (por essa corrente entenda-se a que não rejeita como preconceito o elogio de algumas características consideradas femininas, incluindo os atributos da maternidade).
Foi a chance também para, por que não?, sugerir a comparação de suas biografias.
"Hoje em dia o Brasil pode ter tudo, já teve um presidente metalúrgico, pode ter um presidente negro, pode ter uma presidenta. A sociedade brasileira é madura o suficiente para saber que a sua multiplicidade pode ser representada de todas as formas", disse Dilma, que repetiu o "nem amarrada" quando instada a falar sobre 2010.
Dilma lembrou a trajetória da colega, sem citar as semelhanças. Mas tanto a ministra como Bachelet foram presas e torturadas durante as respectivas ditaduras. Bachelet foi para o exílio, mas não escapou na campanha de acusações de que havia atuado no planejamento de atentados nos anos 80. Ambas passaram por áreas não tão comuns para mulheres na região: a brasileira, em energia, a chilena, na Defesa. As duas são solteiras.
Nenhuma delas rejeita a projeção do papel de "mãe". O termo foi usado pelo sociólogo chileno Patrício Navia em entrevista à Folha para dizer que Bachelet preferia ser "mãe" dos chilenos a lutar para valer no jogo político.
Bachelet defendeu seu estilo "dialogante". A mãe do PAC, questionada, ampliou o argumento: "Uma presidente que é mãe dos chilenos cumpre as duas obrigações de um governante: cuidar de seu povo e dirigir sua casa, seu país. Ser mãe é um fator positivo".
A semelhança dos processos políticos, talvez, se mostre maior no futuro do que o Planalto gostaria. Nunca na história do Chile redemocratizado -desde 1990- houve uma presidente tão popular (aprovação lulista de 74%). Mas Bachelet tem dificuldades de transmiti-la a seu candidato nas eleições de dezembro.


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