São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998

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PAINEL

Questão moral
Presidente da Câmara, Michel Temer diz ser legal aprovar a emenda parlamentarista sem plebiscito. Mas acha que haverá batalha política sobre adoção do novo sistema de governo sem consulta popular. Em 93, a proposta naufragou em plebiscito, único exigido pela Constituição.

Cronograma apertado
Para Temer, o parlamentarismo tem de ser discutido já em 99 com a reforma política: "Do contrário, vira casuísmo, pois dois anos depois já estaremos fazendo a lei eleitoral para 2002".

Roteiro curioso
Depois de vender a Telebrás, Mendonção (Comunicações) vai descansar por dez dias. Local escolhido: a Espanha, terra da Telefónica de España, que ficou com o filé da telefonia brasileira.

Boi na linha
A CRT, empresa gaúcha que pertence à Telefónica de España, teve ontem pane interna (não transferia ligação de um aparelho para outro). E quem ligava à tarde do Rio para SP ouvia gravação pedindo que se tentasse de novo 30 minutos depois.

Dança dos números
Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra FHC com 40% das intenções de voto. Lula recebeu 22%, Ciro, 6%, e Enéas, 3%. Outros candidatos somam 2%. Com sete pontos a mais do que a soma dos adversários, o presidente levaria no 1º turno.

Escala zero
Os projetos da reforma política, cuja urgência FHC defendeu ontem na OAB, estão nas mãos de Freitas Neto (Reforma Institucional). Mas o ministro ainda não tem um único texto pronto para entregar ao presidente.

Recuperação
Após três cirurgias em menos de um mês, Roseana Sarney (MA) volta hoje ao batente.

Fantasma autoritário
De Sílvio Torres (PSDB-SP), sobre Lula chamar deputados de "picaretas" e Ciro dizer que o Congresso é "vassalo": "Foi com argumentos dessa natureza que se instalou a ditadura".

Martelo batido
"Quem compara vota Covas" é o slogan da campanha tucana ao governo paulista.

É de chorar
A Prefeitura de SP não deverá dar dinheiro neste ano para o Rodoanel (anel rodoviário em torno da região metropolitana). Mas a culpa é do governo estadual, por atrasar parecer jurídico vital para Pitta aprovar convênio na Câmara Municipal.

Lado a lado
Os outdoors de Quércia e de Rossi foram simultaneamente para a rua em SP. O primeiro, mal nas pesquisas, tem dinheiro. O segundo, que lidera a corrida ao governo paulista (segundo o Datafolha), não tinha dinheiro para afixar os cartazes.

Cuidado com as bolsas
A reviravolta no caso Clinton-Monica Lewinsky e o reflexo na economia dos EUA são acompanhados de perto pelo comitê eleitoral de FHC. Para quem quer ganhar no 1º turno, qualquer marola pode ser fatal.

Só falta oficializar
Acordo entre as coligações presidenciais decidiu exibir comerciais políticos só quatro dias por semana e não todo dia. Assim, ganham os nanicos, que podem somar tempos diários.

Tirando casquinha
Depois de dizer que não iria, Miguel Arraes (PSB-PE) resolveu receber FHC hoje no aeroporto de Recife. Vai faturar sozinho. Como a viagem não é de campanha, os candidatos aliados não foram convidados.

Caso criado
Os partidos não chegaram a um acordo sobre o local da entrega das fitas dos programas eleitorais, tradicionalmente feita em Brasília. O PT bateu o pé: ou entrega em São Paulo ou fica de fora do horário eleitoral.

TIROTEIO

Do padre Júlio Lancellotti (Pastoral do Menor), que atua junto a populações de rua em SP, sobre FHC dizer que "não há mil (meninos de rua). Criou-se a idéia crescente de que há milhares. Deve ter mais gente trabalhando em ONGs que tratam de meninos de rua do que crianças nas ruas":
- É importante mensurar com clareza e não tratar com ironia um problema que, se é tão pequeno, já deveria estar resolvido. O presidente, agora que não está mais numa ONG, o Cebrap, que publicou livros sobre meninos de rua, adota a ironia quando deveria ter mais ação.

CONTRAPONTO

Argumento religioso
Nas cidades do interior no Nordeste, é comum líderes locais prepararem festas com farta distribuição de comida para receber políticos e candidatos que visitam sua região.
Há cerca de 15 dias, estava tudo pronto em Icozeiro, um distrito de Petrolina em Pernambuco, para a visita do prefeito, Guilherme Coelho. Lá, ele faria campanha para o pai, um tio e um primo que são candidatos na eleição de outubro.
Na véspera, Coelho mandou avisar a Benedito Rodrigues, líder político local, que teria de adiar a viagem.
O líder de Icozeiro não aceitou, bateu o pé e foi chamado à prefeitura.
- Mas por que você não pode adiar o ato? Qual é o problema? - inquiriu Coelho.
Rodrigues não se intimidou:
- O sr. pode prometer muitas coisas. Algumas até cumpre. Mas ressuscitar as galinhas, as cabras e os bodes não pode, não.
Sem saída, o prefeito foi ao ato.



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