São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998

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Para presidente, há mais ONGs que meninos de rua

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso minimizou, na OAB-DF, o problema dos meninos de rua. Para ele, há uma idéia crescente externa e internamente de que há milhares de meninos de rua o que não é real.
"Não há mil", chegou a afirmar, referindo-se à cidade de São Paulo. "Deve ter mais gente trabalhando em ONGs (organizações não-governamentais) que tratam de meninos de rua do que crianças nas ruas", afirmou ao ser questionado sobre as ações de governo.
Dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostram que há de 10 mil a 15 mil meninos em sete cidades pesquisadas (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília).
"Não há um número tão elevado de meninos de rua que uma ação bem organizada do governo não possa resolver", disse Arabela Estrela Rotta, coordenadora do Unicef no Brasil. Para ela, é preciso agir com rapidez para evitar o aumento desse número.
O Distrito Federal realiza mensalmente um levantamento para verificar a quantidade de meninos de rua. Na última pesquisa, há 83 jovens que moram nas ruas de Brasília e das cidades-satélites. Porém, há mais 450 que andam pelas ruas e voltam para suas casas.
Para FHC, falta distinção entre o menino que vive na rua e o que tem família e só anda nas cidades.

Reforma política
FHC disse que continua a defender o parlamentarismo e, em um eventual segundo mandato, vai se empenhar para fazer a reforma política que o Congresso deveria ter feito nos últimos três anos.
"Esperava que o Congresso fosse mais ativo.Com relação à reforma política, haverá um empenho mais forte do Executivo", disse.
Para FHC, sem o voto distrital, há uma "irresponsabilidade recíproca do eleitor, que não sabe nem em quem votou, e do eleito, que não presta contas a ninguém". Pelo distrital misto, metade das vagas é de deputados eleitos por distritos em eleição majoritária. A outra, formada por deputados que integram lista do partidos.
A reforma política pretendida por FHC e alguns parlamentares, no início do mandato, em 95, acabou se resumindo à aprovação da emenda constitucional que autorizou o presidente a disputar a reeleição. FHC afirmou que essa reforma era assunto do Legislativo. "Parlamentarismo só em 2006."
Sem as mudanças no sistema político, afirmou o candidato-presidente, não poderá haver parlamentarismo no país.
"Ideologicamente, eu sou favorável ao parlamentarismo. Responsavelmente, como homem de Estado, eu não posso assumir uma responsabilidade num quadro que conspira contra o funcionamento dos partidos. O regime parlamentarista é um regime de partidos."
O seu modelo para a reforma política prevê ainda a fidelidade partidária, limites para a criação de partidos e o financiamento público das eleições. (DENISE MADUEÑO e RENATA GIRALDI)


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