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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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RUMO A 2004

Composição concessiva nos municípios e filiações em massa fazem parte de projeto do partido para reeleger presidente

PT alarga alianças para construir Lula-2006

RAYMUNDO COSTA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADOS ESPECIAIS A BELO HORIZONTE
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O PT deu início a um projeto para pavimentar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O plano passa por uma radicalização da política de alianças na eleição municipal do próximo ano, considerado um degrau para o novo mandato, e por uma agressiva campanha de novas filiações, a ter início no final desta semana, sem pedir atestado ideológico a ninguém.
O projeto de novas filiações visa transformar o PT em um "partido de massa", expressão do próprio presidente da sigla, José Genoino. Mas a aposta maior é nas alianças eleitorais em 2004 com parceiros difíceis de serem absorvidos pela militância petista: o PMDB e o PP. O que facilita agora é a adesão deles à base do governo.
O PMDB pode ser o grande parceiro do PT em 2004. O objetivo petista é se valer da grande capilaridade que os peemedebistas têm em todo o país para crescer e no mínimo duplicar as 187 prefeituras que ostenta atualmente. Alguns dirigentes petistas falam em conquistar até mil prefeituras.
Até o final do ano, as duas legendas pretendem montar uma comissão conjunta para acertar a situação nas maiores cidades e capitais. As conversas já estão avançadas em algumas, sobretudo em Belo Horizonte (MG) e São Paulo.
Na capital paulista, a intenção é reeleger Marta Suplicy. Na mineira, Fernando Pimentel.
Para reeleger a prefeita petista da maior cidade brasileira, há um acordo entre o ex-governador Orestes Quércia e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Por esse entendimento, mesmo se não for possível concretizar uma chapa PT-PMDB à Prefeitura de São Paulo, Quércia manteria a candidatura do médico José Aristodemo Pinnoti, se ela ajudar a tirar votos do PSDB. Do contrário, lança um candidato nanico.
A eleição paulistana é um ponto de inflexão da política de radicalização das alianças com legendas do centro para a direita, iniciada com a conflituosa indicação do senador José Alencar (PL) para candidato a vice-presidente na chapa de Lula no ano passado.

O problema
O problema é que, além do PMDB, o PT quer fazer alianças também com o PP, cujas origens remontam à Arena, partido que deu sustentação política ao regime militar. E, em São Paulo, o PP é sinônimo de Paulo Maluf.
O presidente petista, José Genoino, afirma que esse será o único caso em que a parceria do PT com o PP não vingará.
Na realidade, o PT está dividido sobre uma eventual candidatura de Maluf. Por um lado, ela pode tirar votos de um candidato com discurso à direita, como o PT supõe que seria a do secretário da Segurança de São Paulo, Saulo de Castro, pelo PSDB. O que se espera do tucano é uma campanha voltada para a segurança. Por outro lado, Maluf pode tirar votos de Marta na periferia, onde os eleitores da prefeita já estarão sob o ataque de Luiza Erundina (PSB).
Em Belo Horizonte, o próprio prefeito petista está costurando a aliança com o senador Hélio Costa (PMDB). O que pode causar surpresa nessa eleição seria o fato de o PSDB não ter candidato próprio. O partido tucano tem dificuldades para apresentar um nome, e o governador Aécio Neves (PSDB-MG), além de estar muito afinado com Pimentel, pode optar pelo clássico argumento de que se comportará como um "magistrado" no pleito.
A transformação do PT em um partido "de massa", com as novas filiações e alianças que antes seriam consideradas heterodoxas, não traria risco de desfiguração da sigla nem sequer lembraria a trajetória dos seus antecessores no governo, como a antiga Arena e o próprio PMDB, segundo avaliação de seus dirigentes.
Para Genoino, o que poderia ameaçar a integridade do partido seria a "filiação por cima", ou seja, a entrada de deputados sem identificação com o PT. Essas filiações estão sendo controladas.


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