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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ACORDÃO OU CASTIGO?
Partido aprova resolução para pedir diretamente ao Conselho de Ética da Câmara cassação de parlamentares citados nas CPIs
Por cassação, PPS tenta driblar Severino
FÁBIO ZANINI
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PPS encontrou ontem um
meio para driblar Severino Cavalcanti (PP-PE) e reduzir bastante o
controle do presidente da Câmara
sobre os processos de cassação de
deputados envolvidos no escândalo do "mensalão".
A Executiva Nacional do partido aprovou, em reunião, resolução em que se compromete a pedir diretamente ao Conselho de
Ética da Câmara a abertura de
processos contra todos os parlamentares citados nas três comissões parlamentares de inquérito
-dos Correios, Mensalão e Bingos- que investigam a corrupção no governo. Até agora, são 18.
A decisão foi uma conseqüência
da entrevista dada por Severino
anteontem à Folha, em que sugeriu penas brandas para parlamentares citados no esquema.
"A Executiva assume o compromisso de representar junto ao
Conselho de Ética contra os parlamentares envolvidos no escândalo do "mensalão". [...] A Executiva
repudia e se coloca contra as declarações levianas e inconseqüentes do deputado Severino Cavalcanti, incompatíveis com a posição que ele ocupa", diz a nota.
De acordo com o regimento da
Câmara dos Deputados, partidos
políticos têm a prerrogativa de representar contra deputados diretamente no Conselho de Ética,
que é a instância que julga qualquer processo de cassação.
Nem mesmo as CPIs têm esse
poder. Se a cassação fosse pedida
por elas, teria de ser enviada à Mesa Diretora da Câmara, órgão presidido por Severino, que reúne sete deputados.
A Mesa submeteria o pedido à
Corregedoria da Câmara, que
funciona como uma "polícia do
Legislativo", para que emita um
parecer preliminar. A Corregedoria está a cargo do deputado Ciro
Nogueira (PP-PI), afilhado de Severino, o que levantou temores
entre parlamentares de que isso
serviria para atrasar os processos.
Nogueira concedeu entrevista
ontem para dizer que pretende
em no máximo 48 horas analisar
os relatórios que chegarem à corregedoria, o que não significará
resultado final rápido.
Isso porque, segundo Nogueira,
se os subsídios fornecidos pelas
CPIs não forem consistentes, ele
poderá devolver os casos à CPI do
Mensalão ou encaminhar à comissão de sindicância.
"Nada vai ficar parado na Corregedoria. Se vier [da CPI] com
fatos comprovados não há o que
fazer a não ser mandar para o
Conselho de Ética. Mas, se não
houver subsídio, vai para a CPI do
Mensalão e comissão de sindicância", afirmou Nogueira.
O corregedor disse que, para ele,
a CPI dos Correios "não investigou profundamente" as denúncias de "mensalão" e nem todos
os parlamentares acusados foram
ouvidos. "Não pode ser só indício.
É preciso ter prova para mandar
ao Conselho de Ética", disse Nogueira, que acabou indiretamente
discordando de Severino ao achar
que caixa dois não deve ter pena
branda. "Acho que não é normal
receber dinheiro por caixa dois."
Somente após o parecer da Corregedoria, a Mesa analisa se enfim
envia ao Conselho, podendo arquivar o pedido sumariamente.
Com a decisão do PPS de "encampar" os processos, a etapa da
Corregedoria é eliminada. Após a
representação diretamente ao
Conselho de Ética, o processo é
enviado a Severino, mas apenas
para ser numerado. O presidente
da Câmara não tem poder de rejeitá-lo preliminarmente.
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