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CONEXÃO RIBEIRÃO
Ex-gerente envolve assessor de Palocci em caixa 2
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual apreenderam na
manhã de ontem notas fiscais e livros contábeis na sede da empresa Leão Leão e na gráfica e editora
Villimpress, ambas em Ribeirão
Preto, para apurar nova denúncia
de suposto caixa 2 na campanha
do PT em 2002. Da Leão foram levadas 17 caixas com os documentos. Na gráfica, cerca de 50 notas
fiscais.
A apreensão, com autorização
judicial, ocorreu após depoimento de um ex-gerente financeiro da
gráfica (que não teve o nome divulgado) à Promotoria. Ele relatou um suposto esquema de caixa
2 num triângulo que envolvia a
Leão, a Villimpress e o ex-secretário da Casa Civil da Prefeitura de
Ribeirão Juscelino Dourado, hoje
chefe de gabinete do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Esse esquema, segundo o ex-gerente, consistia na produção de
material de campanha para candidatos a deputado, senador e até
para a candidatura à Presidência
de Luiz Inácio Lula da Silva, com a
emissão de boletos em nome de
Dourado (como se o serviço tivesse sido prestado para Dourado).
Esses documentos, muitos superfaturados, eram pagos pela Leão,
sempre segundo o relato do ex-gerente financeiro.
Bancos
"Ele (Juscelino) autorizava a
confecção de boletos bancários
em seu próprio nome, que eram
mandados por ele, no endereço
do escritório do Partido dos Trabalhadores", diz trecho do documento a que a Folha teve acesso.
A Promotoria enviou ontem
ofício para cincos bancos para pedir esclarecimentos sobre a existência ou não dessas transações:
Banco do Brasil, Nossa Caixa,
Banco Real, Banespa e Bilbao Viscaia, todos em Ribeirão.
O denunciante não soube informar o valor do esquema, mas afirmou que cada pedido para elaboração de materiais girava em torno de R$ 25 mil a R$ 30 mil, "sendo que, em alguns dias, foi feito
mais de um pedido".
Por conta da acusação, a Polícia
Civil abriu inquérito para apurar
sonegação fiscal, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Patrocínio
Nesse suposto esquema, à Leão
Leão cabia o pagamento dos boletos emitidos pela gráfica, mas as
notas fiscais "eram muitas vezes
maiores".
O ex-gerente afirmou aos promotores que chegou a indagar ao
diretor da gráfica, Vilibaldo Faustino Júnior, as razões das diferenças entre as notas e os boletos.
"Este [Vilibaldo] esclarecia que se
tratava de patrocínio da campanha da Leão à publicidade do PT",
diz trecho do depoimento.
Outra campanha
Essa mesma gráfica, segundo o
denunciante, é a que produziu todo o material de campanha de Palocci nas eleições de 2000 para
prefeito de Ribeirão.
"Nessa época eram emitidas notas para a Leão Leão, mas não os
boletos de Juscelino", afirmou o
denunciante.
Em 2002, o presidente da Leão
Ambiental era o advogado Rogério Tadeu Buratti, o mesmo que
acusou o ministro da Fazenda de
receber pagamento de propina de
R$ 50 mil mensais, entre 2001 e
2002.
O ex-gerente disse aos promotores que, como freqüentava a sala de Faustino Júnior, chegou a
ouvir conversas do chefe com
Dourado e Donizeti Rosa (ex-secretário de Governo de Palocci na
Prefeitura de Ribeirão) a respeito
de "sobras de dinheiro relativas às
notas fiscais, sendo que os dois
orientavam [sic] no sentido que
era preciso comprar dólar". "Não
sei dizer quem comprava os dólares, mas o dinheiro voltava para o
PT", disse o ex-gerente.
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