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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT X PT
Ministro diz que censura petista à economia levaria candidato do partido à Presidência à oposição
Para Bernardo, crítica de Berzoini à economia é erro
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ontem que
o secretário-geral do PT e candidato do Campo Majoritário nas
próximas eleições do partido, Ricardo Berzoini, não tem condições de criticar a política econômica porque o partido hoje tem
"baixa credibilidade" e a política
econômica está em um momento
de "alta credibilidade".
O ministro Paulo Bernardo se
referia às críticas que Berzoini
tem feito ao modelo de política
econômica do governo federal,
baseado em uma política fiscal
restritiva e alta taxa de juros.
"Eu entendo que as declarações
sobre a política econômica têm sido feitas no contexto da eleição
interna do PT. Mas, como membro do partido, me sinto autorizado a fazer comentários. A política
econômica do governo tem alta
credibilidade, e o PT está vivendo
em um momento de baixa credibilidade, portanto, discordo de
seus comentários e acho um erro
ele [Berzoini] criticar a política
econômica", disse.
Na avaliação de Bernardo, se os
membros do PT criticarem as políticas do governo, o partido terá
um candidato de oposição ao governo nas próximas eleições.
"Fiquei surpreso com a idéia de
que temos de mudar a política
econômica. Isso transformaria o
nosso candidato, seja ele o presidente Lula ou outro, em um candidato de oposição ao governo.
Não vejo como podemos nos
apresentar à sociedade em uma
situação como essa", disse.
"Mesmo depois de cem dias de
crise política, a política econômica do governo continua funcionando normalmente", afirmou o
ministro durante um seminário
para o lançamento do livro "Brasil, o Estado de uma Nação", editado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Longo caminho
Um dia após ter anunciado a retirada de sua candidatura à presidência petista, Tarso Genro disse
que, ao manter vínculos com a
gestão anterior da sigla, a chapa
do Campo Majoritário, integrada
por José Dirceu, deixa o PT num
caminho mais "demorado e difícil" na relação com a sociedade.
"A maioria que ainda tem o
controle do partido [Campo Majoritário] escolheu uma forma de
transição que é uma forma negociada com o pacto dirigente anterior", disse ele. Segundo Tarso, ele
nunca disse que "esse caminho
escolhido era um caminho de liquidação do partido".
"É um caminho mais demorado, mais longo, mais difícil e mais
complicado na relação do partido
com a sociedade", afirmou, no
Planalto, após encontro com o
ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) e os presidentes de partido Roberto Amaral
(PSB) e Renato Rabelo (PC do B).
Tarso abandonou a disputa por
conta da permanência de Dirceu
na chapa do Campo. Ontem, Tarso negou que tenha travado uma
queda-de-braço com Dirceu, mas
admitiu divergências com ele.
"Eu não estava fazendo nenhuma queda-de-braço com o ministro José Dirceu. É obvio que o costume da imprensa é trabalhar
com perdas e ganhos. (...) E eu
acho que nós [Tarso e Dirceu] estamos prestando um grande serviço ao PT ao fazer esse debate e
deixar de maneira transparente à
nossa militância as duas visões de
partido, as duas visões de direção,
as duas visões de transição e as
duas visões sobre responsabilidades políticas que dirigentes têm
sobre essa difícil situação política
e moral que o nosso partido está
atravessando", disse.
A eleição para o comando petista está marcada para 18 de setembro. Até lá, depois da saída de Tarso da disputa, cresce a possibilidade de Dirceu desistir de integrar a
chapa. Caso contrário, sua permanência poderá ser decidida no
voto. Na entrevista de ontem, Tarso ironizou os que integram o
Campo Majoritário e acreditam
numa desestabilização da chapa
após sua desistência.
"Essa parte do Campo deveria
ter pensado antes nisso. Porque a
responsabilidade da montagem
da chapa é deles, e eu me reportei
a essa montagem que foi feita."
Ontem, ao lado dos presidentes
do PSB e do PC do B, Tarso entregou a Wagner e à ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff, um
documento assinado pelos três
partidos no qual afirmam ser "necessário estabelecer", no Congresso, "uma relação previsível e
ordenada entre os partidos de esquerda da base do governo". Tarso, Amaral e Rabelo, que se reuniram com Lula na semana passada, querem ser ouvidos na definição de prioridades do Orçamento
do governo federal.
Colaborou Eduardo Scolese, da Sucursal de Brasília
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