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Arroz não resistiria a terra contínua, dizem índios pró-brancos
Segundo defensores da demarcação em ilhas da Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, adversários "pregam retrocesso"
Indígena que é contrário às fazendas dentro da reserva afirma que "os melhores lagos para pesca estão hoje nas áreas dos arrozeiros"
LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL À
RAPOSA/SERRA DO SOL (RR)
O modelo de desenvolvimento econômico da terra indígena
Raposa/Serra do Sol (RR) é o
principal entrave entre índios
favoráveis e contrários à demarcação contínua da região. É
o que afirmam os lados envolvidos na questão, que tem como
pano de fundo a presença de arrozeiros na reserva.
Para os defensores da demarcação em ilhas -nas quais os rizicultores poderiam continuar
produzindo-, a atividade econômica seria fundamental para
o desenvolvimento da área. Já
os indígenas que lutam pela demarcação contínua afirmam
que a terra é sagrada e de direito das cinco etnias que vivem
no extremo norte de Roraima.
Os índios, que se dividem entre o CIR (Conselho Indígena
de Roraima) e a Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima), têm
quase os mesmos costumes e
pertencem predominantemente à etnia macuxi, maioria na
Raposa/Serra do Sol.
O CIR acusa a Sodiur de defender os interesses dos arrozeiros. A maioria dos índios ligados à organização trabalha
-ou tem algum parente- nas
fazendas de arroz ou em algum
cargo ou secretaria da Prefeitura de Pacaraima, administrada
pelo líder dos rizicultores, Paulo César Quartiero.
A Sodiur afirma que, caso os
rizicultores sejam expulsos, os
índios do CIR, "que prega o retrocesso", não terão "capacidade" para gerir as fazendas. Se isso ocorrer, diz José Brazão de
Braga, responsável pela Sodiur
na Vila Surumu (porta de entrada da reserva), sua organização deveria ter o direito de ocupar as seis propriedades.
O argumento do outro lado é
o mesmo: falta capacidade administrativa aos índios da Sodiur. Segundo o índio macuxi
Ricardo Mota, 36, os índios ligados ao CIR querem a demarcação contínua para terem liberdade. "Os melhores lagos
para pesca estão hoje nas áreas
dos arrozeiros", diz. Antropólogos simpáticos à Funai (Fundação Nacional do Índio), que defende demarcação contínua, dizem que índios ocupam a área
ao menos desde o século 18.
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