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RELIGIÃO
Evento reúne 184 mil evangélicos no Maracanã
Líder da Universal
prega aborto legal
MÁRIO MAGALHÃES
LETÍCIA KFURI
da Sucursal do Rio
A defesa da legalização e da legitimidade do aborto é a mais nova
campanha do bispo Edir Macedo,
líder da Iurd (Igreja Universal do
Reino de Deus). O assunto é destaque da edição da ""Folha Universal", semanário da igreja neopentecostal, lançada na vigília encerrada na madrugada de ontem
no Maracanã (Rio de Janeiro).
Com 184.276 presentes no estádio do Maracanã e 20 mil no ginásio do Maracanãzinho, segundo a
Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro), foi o maior evento religioso
da história do complexo esportivo carioca (leia texto abaixo).
Durante todo o culto, bispos
conclamaram o público a comprar o jornal ""para conhecer a posição do bispo Macedo sobre o
aborto". Em entrevista no jornal,
Macedo diz que não condenaria o
aborto, se ""uma família está passando fome, a mulher fica grávida, mas não tem peito para dar de
mamar à criança, devido à sua
desnutrição".
""Eu não vou condenar essa mulher se ela resolver abortar. Porque vão sofrer os pais e a criança.
Neste caso, ao meu ver, o aborto
não seria pecado. Os que são contra o aborto não sabem o que é
passar fome", afirma o bispo.
O bispo Macedo, em outubro de
1997, já havia defendido o aborto,
mas apenas em casos de gravidez
indesejada. Na época, durante
pregação em Belo Horizonte, ele
afirmou ser "radicalmente a favor
da lei" e contra o "aborto pelo
aborto".
Macedo não falou em aborto
durante sua pregação na vigília do
Maracanã, que foi dedicada a temas religiosos. Apesar de, na "Folha Universal", o bispo dizer estar
falando ""em nome pessoal", os
apelos para a leitura da sua entrevista indicam que a cúpula da
Universal adota a mesma posição.
A defesa Edir Macedo pela interrupção voluntária da gravidez
se opõe à absoluta restrição defendida pela Igreja Católica.
O arcebispo do Rio, d. Eugênio
Sales, criticou o prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) por sancionar na
última terça-feira lei que obriga os
hospitais do município a informar as vítimas de estupro sobre a
possibilidade de aborto legal.
Macedo revelou que a sua mãe
abortou: ""Não de propósito, e sim
por questões sociais. Nem por isso deixou de dar à luz a mim.
Deus me salvou por misericórdia
e a salvou também. Agora, abortar ou não vai depender da consciência de cada um".
A opinião do líder da igreja
evangélica brasileira com maior
poder de mídia -controla a TV
Record- é similar à de organizações feministas e de profissionais
da área de saúde.
""Sou a favor de que existam leis
específicas para o aborto, dependendo das circunstâncias. Isso
evitaria que mulheres procurassem as clínicas de fundo de quintal e acabassem morrendo, como
tem acontecido".
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