São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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ELEIÇÃO EM NÚMEROS
Manutenção de prefeituras garantiu o avanço do PT e de outras siglas de esquerda; governistas venceram em 24 das 44 prefeituras que já tinham, índice de 54,44%
Oposição reelege 72% em grandes centros

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos de oposição conseguiram reeleger (ou eleger alguém da mesma sigla em cidades que já governam) em 13 dos 18 municípios que detêm no momento entre os 62 mais relevantes do país. Uma taxa de aproveitamento de 72,22%.
Já as siglas governistas tiveram um desempenho pior: ganharam apenas 24 de suas atuais 44 prefeituras (54,55%).
Para saber quais são os 62 municípios mais relevantes do Brasil, leia texto nesta página.
Entre os maiores partidos, o único que manteve 100% de suas cidades foi o PT. Tinha cinco (Belém, Caixas do Sul, Mauá, Porto Alegre e Santo André) e conseguiu eleger petistas em todos.
Os outros dois partidos de expressão na oposição, o PDT e o PSB, perderam cidades.
O PDT tem atualmente sete cidades entre as 62 mais relevantes. Dessas, manteve apenas quatro.
No caso do PSB, essa sigla governa cinco cidades importantes. Reelegeu seus candidatos em três.
Entre os governistas, PSDB e PMDB conseguiram reeleger cerca de metade dos prefeitos nas cidades em que já estavam presentes. Os tucanos têm 14 prefeituras entre as 62 mais importantes. Só mantiveram oito. Uma perda de 43% nos grandes centros.
O PMDB governa 13 municípios importantes. Só manteve a sigla no poder em oito deles.
O pior desempenho governista ficou com o PFL. Os pefelistas estão hoje em seis cidades de relevância. Perderam a metade: três prefeitos (Macapá, Recife e Rio). Permaneceram no poder apenas em Curitiba, Palmas e Salvador.
Os números finais sobre a reeleição de prefeitos em grandes centros urbanos ajudam a entender a vitória do PT nesses municípios. Os petistas passaram de cinco cidades nessa categoria (todas mantidas neste ano) para 17 municípios a partir de 2001.
Nenhuma sigla isoladamente terá tantas cidades grandes como o PT. Juntos, os 17 municípios petistas respondem por 14,148 milhões de eleitores.
As 12 cidades a mais conquistadas agora pelo PT nos grandes centros foram subtraídas, em sua maioria, de partidos governistas.
O PSDB foi o maior freguês do PT. Perdeu quatro cidades para os petistas (Goiânia, Maringá, Piracicaba e Ribeirão Preto).
O PMDB, o PFL e o PPB perderam uma cidade importante cada para o PT -Aracaju, Recife e Campinas, respectivamente.
O PT também derrotou seus aliados nos grandes centros. O PSB perdeu Diadema e Londrina. O PDT deixou escapar Pelotas.
O resultado final da eleição delineou um quadro de equilíbrio nos grandes centros entre oposição e governistas. E ainda uma grande vantagem -embora menor do que foi no passado- nas 5.559 cidades brasileiras a favor de siglas ligadas ao Palácio do Planalto.
Quando se considera todas as cidades em que houve eleição, a oposição conquistou 775 prefeituras (14% do total) e recebeu 25,305 milhões de votos (30% dos votos válidos).
Já os governistas ficaram com 4.291 municípios (77% do total) e 52,366 milhões de votos (62% do total). Uma ampla vantagem de votos (62% contra 30% da oposição), mas essa relação já havia sido mais favorável ao Palácio do Planalto em 96 (68% contra 25%).
Nos grandes centros urbanos, as 62 cidades mais relevantes politicamente, o quadro é bem diferente. Há um equilíbrio entre as forças governistas e de oposição. Algo que nunca ocorreu desde a reforma partidária pós-regime militar, colocada em prática há cerca de 20 anos.
Esse quadro se formou em grande parte pelo desempenho do PT. O avanço da sigla foi muito mais sobre os governistas do que em cima de possíveis aliados.
O exemplo mais emblemático é Belo Horizonte. O PT tinha pesquisas internas que demonstravam ser viável a candidatura de Patrus Ananias, ex-prefeito petista da capital mineira. Para honrar o compromisso feito com Célio de Castro (PSB), a direção nacional petista preferiu não ter candidato próprio naquele município.
Nos 62 municípios de maior relevância política, a oposição em conjunto vai pular de suas 18 cidades hoje para 29 a partir de 1º de janeiro, quando tomam posse os novos prefeitos. Já as siglas ligadas ao Palácio do Planalto têm hoje 44 das maiores cidades e vão cair para 33 em janeiro que vem.
Esse equilíbrio do número de cidades se repete em relação ao número de eleitores nas cidades governadas -com a oposição ultrapassando levemente os governistas. Os 29 municípios oposicionistas têm 19,391 milhões de eleitores. Os 33 da situação abrigam 17,004 milhões de eleitores.
Há quatro anos, em 96, o quadro era bem diverso. As grandes cidades governadas pela oposição tinham 8,325 milhões de eleitores. As dos governistas, 28,070 milhões de eleitores.


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