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Economista foi guerrilheiro, torturado e exilado
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA SUCURSAL DO RIO
Guerrilheiro treinado em Cuba,
dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), um dos
supostos autores da explosão na
qual morreu um soldado do 2º
Exército em 1968, preso libertado
no sequestro do cônsul japonês
em São Paulo em 1970, aprendiz
que dominou o idioma flamengo
em poucos meses de estudo, executivo do Ministério do Planejamento da Guiné-Bissau e um dos
inspiradores do MSTur, programa de turismo em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Eis um possível currículo do
economista Diógenes José Carvalho de Oliveira, 58, que em 1999
orientou o chefe de Polícia Civil a
não reprimir o jogo do bicho, na
condição de colaborador do governador do Rio Grande do Sul,
Olívio Dutra (PT).
Oliveira nasceu em Júlio de Castilhos (RS). Tornou-se militante
de esquerda na adolescência. Depois da instauração do regime militar, em 1964, esteve em Cuba para aprender guerrilha.
Em 1968, foi um dos fundadores
da organização armada VPR,
uma das principais do combate
ao governo militar (1964-85).
Documentos do CIE (Centro de
Informações do Exército) apontam Oliveira como um dos participantes do atentado ao quartel-general do 2º Exército, em São
Paulo, quando morreu o soldado
Mário Kosel Filho. Ex-companheiros confirmam.
Preso em 1969, foi severamente
torturado, conforme numerosos
testemunhos. Conseguiu ser solto
quando o cônsul do Japão em São
Paulo, Nobuo Okuchi, foi sequestrado em março de 1970 por um
comando da VPR.
O objetivo do sequestro era libertar o militante Shizuo Ozawa,
o Mário Japa, preso ao se acidentar de carro dias antes. Ozawa
guardava o segredo da localização
da área, no vale do Ribeira, sul do
Estado de São Paulo, onde o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca montava um foco de oposição armada.
Na lista de cinco presos cuja libertação foi exigida em troca do
cônsul, foi incluído um certo ""Toledo", cujo verdadeiro nome de
guerra era ""Oliveira" e nem tinha
sido preso. Foi substituído por
Diógenes, antes fora da relação.
Amigo de Lamarca, que viria a
morrer em 1971, Oliveira foi para
o exílio. Morando na Bélgica, cursou economia na Universidade de
Louvain. ""Ele era tão determinado que em menos de um ano falava fluentemente flamengo, a língua da região. Dava palestras em
flamengo", diz o hoje jornalista
Shizuo Ozawa, 56.
Então casado com a ex-guerrilheira Dulce Maia, Oliveira mudou-se para a recém-independente Guiné-Bissau (África) e lá integrou a cúpula do Ministério do
Planejamento.
Voltou ao Brasil nos anos 80 e
entrou no PT. Como secretário
dos Transportes de Porto Alegre
na gestão de Olívio Dutra (1989-92), ganhou fama ao disciplinar o
trânsito da cidade. Depois, abriu
um agência de turismo, fundou o
Clube de Seguros da Cidadania e
intermediou contatos do partido
com empresários. Procurado ontem, Oliveira não foi encontrado.
(LÉO GERCHMANN e MÁRIO MAGALHÃES)
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