São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA

Bispo Rodrigues afirmou que PL será essencial para manter a governabilidade, pois a cordialidade do PSDB e PMDB logo acabará

"Lua-de-mel" com Lula vai acabar, diz PL

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente nacional do PL, deputado federal Bispo Rodrigues (RJ), disse ontem que "a lua-de-mel de Lula com o poder" vai durar pouco, o que faz crescer a força de seu partido na manutenção da governabilidade: "Essa lua-de-mel não dura. Essa lua-de-mel com o poder, com os partidos, esse tratamento cortês que o PTB, PFL, PSDB e uma parte do PMDB estão dando ao Lula, isso com o tempo se desmancha".
Rodrigues prevê que o fim da "lua-de-mel" coincida com a data-base do salário mínimo, tradicionalmente em maio. Para ele, coordenador político da Igreja Universal do Reino de Deus, o PL abrigará novos aliados e formará a base de sustentação de Lula. Com 26 deputados federais eleitos, o PL teria sido sondado por mais de 20 parlamentares interessados em aderir. Rodrigues acha que a bancada chegará a 50 deputados, ganhando mais tempo na TV, mais espaço na Mesa da Câmara e nas comissões da Casa.
Segundo Rodrigues, "tem muita gente, não a cúpula desses partidos, mas o baixo clero, que precisa levar obras ao seu município, precisa ser despachante de prefeito, e não tem condições de fazer isso na oposição. Eles estão procurando o PL e nós estamos procurando por eles também. O PL tem interesse nesse pessoal".
Rodrigues se recusa a dizer o que o PL quer em troca do apoio à governabilidade: "Embora o PL mereça tratamento especial, não estamos pressionando para nada. Temos certeza de que Lula vai dar ao PL aquilo que o povo consagrou nas urnas. Não é questão de disputar espaço. É merecimento".
Segundo o deputado, o grupo evangélico do PL tem preferência pela área social, embora não tenha pedido nada. "Se eu pudesse escolher, o que não é o caso, eu escolheria a área social". Rodrigues já tem um nome para a pasta. "O ministro é o Valdemar [Costa Neto, presidente do partido]." Costa Neto desconversou: "Vou ser ministro da Igreja Universal".
A bancada do PL já está cobrando cargos: "No meu Estado, quero que as coisas se democratizem. Quero participar dessas indicações", disse João Caldas (AL).
No esforço para ampliar a bancada do PL, Costa Neto procurou o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o governador eleito da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e o senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ele ligou ontem para Cunha Lima e foi direto ao assunto: "Preciso da sua ajuda". Pediu que o governador convença um ou dois deputados aliados a ingressar no PL: "Depois, o que você precisar aqui, eu estou à disposição".
Mas o crescimento do PL esbarra na reação dos partidos assediados. O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), declarou. "Nossa bancada está coesa, mas eles pegam uns quatro do PPB e mais dez do PFL". O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse que segurou cerca de dez deputados: "Eu argumentei: "Por que você vai agora? Você não conhece a cara do governo. E vai sair com a pecha do fisiologismo".


Colaborou LUCIO VAZ, da Sucursal de Brasília



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