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ELEIÇÕES 2004
PORTO ALEGRE
Hegemonia de 16 anos do PT está em jogo na capital gaúcha
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Pesquisa Ibope divulgada ontem em Porto Alegre mostra que a
disputa na cidade deve ser acirrada. Os números mostram que os
candidatos José Fogaça (PPS) e
Raul Pont (PT) estão empatados
tecnicamente. Fogaça têm 48%
dos total de votos e Pont, 44%. A
margem de erro é de 3,5 pontos
percentuais para mais ou para
menos. Foram ouvidas 805 pessoas entre ontem e anteontem. A
pesquisa está registrada sob número 160/161-2004.
Porto Alegre viverá hoje, inevitavelmente, um dia histórico, seja
com uma vitória do candidato José Fogaça (PPS), seja com a eleição de Raul Pont (PT).
Caso vença Fogaça, 57, as oposições unidas terão interrompido o
ciclo petista na capital gaúcha,
que dura 16 anos e deixou marcas,
como a forma de consulta popular do Orçamento Participativo.
Caso vença Pont, 60, o PT estará
emplacando 20 anos de poder e
mantendo a cidade com a aura de
esquerdista que levou o jornal
francês ""Le Monde" a defini-la
como ""meca da esquerda latino-americana".
Em termos práticos, a eventual
derrota do PT será um percalço
para o governo Lula, que perderá
sua mais tradicional vitrine, ao
menos em termos simbólicos
-Porto Alegre é origem e sede do
Fórum Social Mundial, cujos organizadores já ameaçam deixar a
cidade caso a oposição vença.
Segundo as últimas pesquisas,
Fogaça está na frente, mas a diferença diminuiu.
Por reconhecer os acertos petistas na cidade, especialmente no
transporte público e na própria
implementação do Orçamento
Participativo, Fogaça utilizou a
idéia de ""manter o que está bem e
mudar o que está mal".
Os últimos dias da campanha
foram marcados por trocas de
acusações, agressões, pacto entre
partidos e descumprimento do
pacto. Pont contesta a promessa
feita por Fogaça de que manterá o
Orçamento Participativo. Diz que
tanto ele quanto seus aliados são
contra a medida.
Fogaça critica a atuação do PT
na área da saúde. Mostra promessas da campanha de 1996 (Pont foi
eleito prefeito na ocasião em primeiro turno) nas quais o petista
prometia esperas de no máximo
sete dias em postos de saúde.
Ciente de que a saúde teve problemas nas administrações petistas, Pont diz que assume o setor
como compromisso pessoal.
Por conta do desgaste no poder,
insatisfação com o governo federal e o fim da bimestralidade nos
reajustes aos servidores (implementada pelo partido, mas abolida para não contrariar a Lei de
Responsabilidade Fiscal), a oposição nunca esteve tão próxima de
desbancar o PT.
Nas ruas de Porto Alegre, isso é
nítido. No segundo turno, as tradicionais bandeiras petistas, ausentes no primeiro, voltaram.
Surgiram, porém, as de Fogaça,
que rivalizam com as do PT em
toda a cidade. Uma eleição morna
no primeiro turno ganhou em colorido e emoção no segundo.
Os comícios dos dois candidatos, na última quinta, tiveram as
presenças do governador Germano Rigotto (PMDB) no palanque
de Fogaça e de ministros (Olívio
Dutra, das Cidades, Tarso Genro,
da Educação, e Miguel Rossetto,
do Desenvolvimento Agrário) no
de Pont, além do prefeito João
Verle (PT). ""Nas vilas, há um
exército de robotizados dizendo
que, se ganharmos as eleições, as
creches vão fechar", disse Fogaça.
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