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ELEIÇÕES 2006 / RUMOS DA ECONOMIA
Planalto divulga nota para conter rumores sobre saída de Mantega
Ministro afirma que segundo mandato será mais "desenvolvimentista", com crescimento mais intenso
Titular da Fazenda não
revela como será a condução
da economia, mas Lula já
sinalizou que não deverá
haver mudanças drásticas
LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIMM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o Planalto soltou uma nota para desmentir a
substituição de ministro Guido
Mantega (Fazenda), o ministro
prometeu ontem um segundo
mandato "desenvolvimentista". "[O segundo mandato] vai
ser mais desenvolvimentista.
Vai ser uma continuação da política do primeiro governo, mas
dentro de uma nova fase", disse
Mantega na portaria do ministério depois de passar a manhã
em reuniões no Planalto.
No início da noite, o Planalto
soltou uma nota em que diz
que, "diante dos rumores sobre
uma suposta substituição do
atual ministro da Fazenda, o
presidente reafirma que só a
ele cabe indicar ministros e que
o ministro escolhido por ele para ocupar a pasta da Fazenda
chama-se Guido Mantega".
A nota não faz referência a
Henrique Meirelles, presidente
do Banco Central, também alvo
de rumores sobre uma possível
saída do governo no segundo
mandato de Lula. Ontem, Mantega disse que, nos primeiros
quatro anos, o governo teve que
resolver os problemas deixados
pela gestão FHC e que agora começa um novo momento.
"A primeira fase foi importante, trouxe um equilíbrio ao
país, eliminou problemas que
haviam sido herdados de uma
gestão anterior. Portanto, agora entramos em uma nova fase,
em que o crescimento será
mais intenso, mais vigoroso."
Apesar da ênfase com que o
tema tem sido tratado publicamente, "o fim da era Palocci"
tem sido interpretado por empresários e analistas de mercado muito mais como discurso
de efeito do que uma ruptura
drástica na política econômica.
Como a sinalização dada por
Lula até agora é que o tripé da
política atual será mantido, restará pouca margem de manobra. A inflação continuará uma
preocupação, administrada pelo sistema de metas. O câmbio
flutuante permanecerá, assim
como o superávit primário.
Na avaliação do presidente
da Associação Brasileira das
Companhias Abertas, Alfried
Plöger, a busca de desenvolvimento com juros menores, como têm pregado interlocutores
do presidente, passará por corte de gastos públicos e uma reforma da Previdência, que o governo nega que fará.
"A sociedade não agüenta
mais a falta de crescimento. Isso não pode continuar. Mas será preciso cortar gastos e fazer
reformas, entre elas a da Previdência", diz, ressaltando que,
"uma coisa é discurso de campanha, a outra é a realidade."
O ministro Mantega não sinalizou como será exatamente
conduzida a economia nessa
nova fase. Na verdade, antes
disso, ele precisa assegurar que
ficará no cargo e, com isso,
manterá o poder influência sobre os rumos da economia.
Cauteloso, ele se recusa a falar sobre mudanças na equipe
de governo. Questionado se
gostaria de continuar no posto,
foi seco. "Essa não é pergunta
que se coloque", disse aos jornalistas, acrescentando que a
mudanças na equipe não passam de "meras especulações".
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