São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RUMOS DA ECONOMIA

Planalto divulga nota para conter rumores sobre saída de Mantega

Ministro afirma que segundo mandato será mais "desenvolvimentista", com crescimento mais intenso

Titular da Fazenda não revela como será a condução da economia, mas Lula já sinalizou que não deverá haver mudanças drásticas

LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIMM

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que o Planalto soltou uma nota para desmentir a substituição de ministro Guido Mantega (Fazenda), o ministro prometeu ontem um segundo mandato "desenvolvimentista". "[O segundo mandato] vai ser mais desenvolvimentista. Vai ser uma continuação da política do primeiro governo, mas dentro de uma nova fase", disse Mantega na portaria do ministério depois de passar a manhã em reuniões no Planalto.
No início da noite, o Planalto soltou uma nota em que diz que, "diante dos rumores sobre uma suposta substituição do atual ministro da Fazenda, o presidente reafirma que só a ele cabe indicar ministros e que o ministro escolhido por ele para ocupar a pasta da Fazenda chama-se Guido Mantega".
A nota não faz referência a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, também alvo de rumores sobre uma possível saída do governo no segundo mandato de Lula. Ontem, Mantega disse que, nos primeiros quatro anos, o governo teve que resolver os problemas deixados pela gestão FHC e que agora começa um novo momento.
"A primeira fase foi importante, trouxe um equilíbrio ao país, eliminou problemas que haviam sido herdados de uma gestão anterior. Portanto, agora entramos em uma nova fase, em que o crescimento será mais intenso, mais vigoroso."
Apesar da ênfase com que o tema tem sido tratado publicamente, "o fim da era Palocci" tem sido interpretado por empresários e analistas de mercado muito mais como discurso de efeito do que uma ruptura drástica na política econômica.
Como a sinalização dada por Lula até agora é que o tripé da política atual será mantido, restará pouca margem de manobra. A inflação continuará uma preocupação, administrada pelo sistema de metas. O câmbio flutuante permanecerá, assim como o superávit primário.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas, Alfried Plöger, a busca de desenvolvimento com juros menores, como têm pregado interlocutores do presidente, passará por corte de gastos públicos e uma reforma da Previdência, que o governo nega que fará.
"A sociedade não agüenta mais a falta de crescimento. Isso não pode continuar. Mas será preciso cortar gastos e fazer reformas, entre elas a da Previdência", diz, ressaltando que, "uma coisa é discurso de campanha, a outra é a realidade."
O ministro Mantega não sinalizou como será exatamente conduzida a economia nessa nova fase. Na verdade, antes disso, ele precisa assegurar que ficará no cargo e, com isso, manterá o poder influência sobre os rumos da economia.
Cauteloso, ele se recusa a falar sobre mudanças na equipe de governo. Questionado se gostaria de continuar no posto, foi seco. "Essa não é pergunta que se coloque", disse aos jornalistas, acrescentando que a mudanças na equipe não passam de "meras especulações".


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