São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / NA OPOSIÇÃO

FHC afirma que vai "continuar dando trabalho" a Lula

Em encontro com empresários, tucano pede que partido seja "firme" e nega interesse em ocupar a presidência do PSDB

Tucano cobra do PSDB que "não enfie cabeça na areia", mas admite abrir diálogo com governo em torno de pontos de interesse do país

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu primeiro compromisso público após o segundo turno das eleições deste ano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que continuará "dando trabalho" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de agora e no próximo mandato.
"Da minha parte, garanto a vocês que, enquanto estiver aqui nesta terrinha, vou continuar dando trabalho e o presidente Lula vai voltar a dizer que ex-presidentes bons são os outros, porque não o criticam."
O tucano ainda afirmou que não dará trégua ao PSDB. Disse que a sigla não pode "enfiar a cabeça dentro da areia" com medo do debate de propostas para o país. Era uma referência à dificuldade da sigla em defender o programa de privatizações do seu mandato, colocado em pauta na disputa entre Lula e Geraldo Alckmin. As declarações do tucano foram feitas durante debate com 327 empresários em um hotel na zona sul da capital paulista.
"Peço ao meu partido que seja firme, que diga o que quer, que não tenha medo, defenda suas idéias, porque não são idéias contra o país. Tem que lutar. O que não pode é enfiar a cabeça na areia", afirmou FHC.
Mais tarde, questionado por jornalistas sobre como daria trabalho ao presidente, FHC foi vago. Afirmou apenas que vai dizer o que pensa e defender o que considera bom para o Brasil. Um dos itens que o tucano se disse disposto a debater com integrantes do Planalto são as propostas de reforma política.

Presidência do PSDB
O futuro do PSDB e as eleições de 2010 foram dois assuntos sobre os quais FHC foi questionado com insistência pelo empresariado e pelos jornalistas. Aos empresários o tucano declarou que não é hora de falar de eleição alguma, seja ela para o comando da sigla seja para a Presidência da República. Disse que o momento é de repensar o partido, aproximá-lo do povo e fazer com que seus membros digam com clareza o que querem para o país.
Aos jornalistas disse que não será candidato a presidente do PSDB. "Não sou candidato a presidente de mais nada", afirmou. "Nós temos bons líderes. O meu presidente é o [senador] Tasso Jereissati. No momento, a discussão é outra."

Ironias
Apesar de se dizer disposto a conversar, FHC não poupou Lula nem membros do atual governo de ironias. Questionado por um empresário sobre uma eventual mudança ideológica no Planalto, declarou que "Lula tem vantagem porque ele não tem ideologia". Também disse que o presidente é "simpático" e tem votos, mas que nenhum dos dois basta para fazer um bom governo.
"O presidente Lula perdeu o momento perfeito de buscar uma convergência [com o PSDB] em 2003, depois da transição pacífica que nós fizemos", disse. "Agora, está mais difícil buscar uma convergência, só naqueles pontos que são de interesse do país. É preciso que ele volte a ter respeitabilidade. Porque são muitos escândalos, é demais, dentro da casa. Como você vai confiar? Perdeu credibilidade."
Guido Mantega também entrou na mira de FHC. O tucano disse que o ministro da Fazenda é irresponsável ao prometer crescimento de 5% do PIB na atual conjuntura. "Mantega tem vantagem porque ele fala o que está na cabeça dele, pode ser irresponsável porque ele é recém-nomeado. Se fosse há mais tempo, ele tinha que responder pelo que fez."


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