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ELEIÇÕES 2006 / NA OPOSIÇÃO
FHC afirma que vai "continuar dando trabalho" a Lula
Em encontro com empresários, tucano pede que partido seja "firme" e nega interesse em ocupar a presidência do PSDB
Tucano cobra do PSDB que "não enfie cabeça na areia", mas admite abrir diálogo com governo em torno de pontos de interesse do país
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu primeiro compromisso público após o segundo
turno das eleições deste ano, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que
continuará "dando trabalho"
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva a partir de agora e no
próximo mandato.
"Da minha parte, garanto a
vocês que, enquanto estiver
aqui nesta terrinha, vou continuar dando trabalho e o presidente Lula vai voltar a dizer que
ex-presidentes bons são os outros, porque não o criticam."
O tucano ainda afirmou que
não dará trégua ao PSDB. Disse
que a sigla não pode "enfiar a
cabeça dentro da areia" com
medo do debate de propostas
para o país. Era uma referência
à dificuldade da sigla em defender o programa de privatizações do seu mandato, colocado
em pauta na disputa entre Lula
e Geraldo Alckmin. As declarações do tucano foram feitas durante debate com 327 empresários em um hotel na zona sul da
capital paulista.
"Peço ao meu partido que seja firme, que diga o que quer,
que não tenha medo, defenda
suas idéias, porque não são
idéias contra o país. Tem que
lutar. O que não pode é enfiar a
cabeça na areia", afirmou FHC.
Mais tarde, questionado por
jornalistas sobre como daria
trabalho ao presidente, FHC foi
vago. Afirmou apenas que vai
dizer o que pensa e defender o
que considera bom para o Brasil. Um dos itens que o tucano
se disse disposto a debater com
integrantes do Planalto são as
propostas de reforma política.
Presidência do PSDB
O futuro do PSDB e as eleições de 2010 foram dois assuntos sobre os quais FHC foi questionado com insistência
pelo empresariado e pelos jornalistas. Aos empresários o tucano declarou que não é hora de falar de eleição alguma, seja
ela para o comando da sigla seja
para a Presidência da República. Disse que o momento é de
repensar o partido, aproximá-lo do povo e fazer com que seus
membros digam com clareza o
que querem para o país.
Aos jornalistas disse que não
será candidato a presidente do
PSDB. "Não sou candidato a
presidente de mais nada", afirmou. "Nós temos bons líderes.
O meu presidente é o [senador]
Tasso Jereissati. No momento,
a discussão é outra."
Ironias
Apesar de se dizer disposto a
conversar, FHC não poupou
Lula nem membros do atual
governo de ironias. Questionado por um empresário sobre
uma eventual mudança ideológica no Planalto, declarou que
"Lula tem vantagem porque ele
não tem ideologia". Também
disse que o presidente é "simpático" e tem votos, mas que
nenhum dos dois basta para fazer um bom governo.
"O presidente Lula perdeu o
momento perfeito de buscar
uma convergência [com o
PSDB] em 2003, depois da
transição pacífica que nós fizemos", disse. "Agora, está mais
difícil buscar uma convergência, só naqueles pontos que são
de interesse do país. É preciso
que ele volte a ter respeitabilidade. Porque são muitos escândalos, é demais, dentro da casa.
Como você vai confiar? Perdeu
credibilidade."
Guido Mantega também entrou na mira de FHC. O tucano
disse que o ministro da Fazenda é irresponsável ao prometer
crescimento de 5% do PIB na
atual conjuntura. "Mantega
tem vantagem porque ele fala o
que está na cabeça dele, pode
ser irresponsável porque ele é
recém-nomeado. Se fosse há
mais tempo, ele tinha que responder pelo que fez."
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