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ELEIÇÕES 2006 / MAPA DO VOTO
Lula ganha mais votos nos ninhos tucanos
Alckmin só não cai em quatro Estados, e avanço de petista é maior que a média em cinco de seis Estados governados por tucanos
Presidente impulsiona
número de votos nas 27
unidades da federação;
ex-governador despenca
em Minas Gerais e São Paulo
CATIA SEABRA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Geraldo Alckmin não foi capaz de aumentar sua votação
no segundo turno em 23 das 27
unidades da federação. E, para
piorar, seus aliados pouco fizeram para impedir o crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva.
O aumento geral já vigoroso
do petista foi ainda mais forte
em seis dos sete Estados que
elegeram governadores do
PSDB ou do PFL, partidos que
formavam a chapa de Alckmin.
Enquanto no placar total o
número de votos de Lula cresceu, em relação ao primeiro
turno, pouco menos de 25%,
nos Estados com tucanos e pefelistas eleitos (Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Roraima, Rio Grande do
Sul e São Paulo) esse número ficou em 32%, o que representou
quase seis milhões de votos a
mais para o petista, que com
58,3 milhões teve a maior votação absoluta da história eleitoral brasileira.
Só na Paraíba do tucano eleito Cássio Cunha Lima a variação na votação de Lula (15%) ficou abaixo da média nacional.
As duas maiores estrelas tucanas, hoje, são governadores
eleitos que viram seus Estados
transferirem votos para a reeleição de Lula em escala maior
do que no país como um todo.
Mesmo colando sua imagem
em José Serra, Alckmin viu sua
votação cair 3,7% em São Paulo. Pior: Lula teve 29,8% mais
votos no maior colégio eleitoral
da nação.
Aécio Neves também foi outro que cansou de fazer campanha com o presidenciável tucano, mas isso pouco importou
para o eleitor de Minas Gerais.
Lá, a votação de Alckmin emagreceu 16,7%, o sexto maior
tombo dele. Enquanto isso, Lula cresceu 28,3% em Minas.
"É inútil buscar culpados
agora. Talvez a campanha não
teha sido eficiente no segundo
turno. O PSDB fez um belo papel e o Geraldo saiu como forte
líder da oposição. Saiu mais forte que entrou", disse Aécio.
O PFL reclamou muito da
forma como o aliado PSDB conduziu a campanha de Alckmin,
mas no único lugar em que elegeu um governador, o Distrito
Federal (José Roberto Arruda),
viu o recorde de crescimento de
Lula. O petista aumentou sua
votação na capital aumentar
53,7% no segundo turno.
Estados em que aliados do
PSDB fizeram o governador
também assistiram a decadência de Alckmin e o crescimento
de Lula. O senador eleito Marconi Perillo conseguiu eleger
Alcides Rodrigues (PP) em
Goiás. Mas seu prestígio não foi
capaz de que a votação do tucano no segundo turno da eleição
presidencial caísse 13,9% e a de
Lula crescesse 36,4%.
No ninho tucano, a derrocada de Alckmin, em especial nos
Estados dominados pelo partido, é motivo de debate.
"Não posso forçar ninguém a
votar nele (Alckmin). Se eu tivesse radicalizado contra o
eleitor do Lula, perderia a eleição. Não posso brigar com o
eleitor", diz Cássio Cunha Lima, eleito na Paraíba.
Segundo ele, o PSDB foi avisado das dificuldades de destinação de votos a Alckmin na
Paraíba. Ele fechou um acordo
com a cúpula do partido segundo o qual garantiria 25% dos
votos a Alckmin. "Se o Aécio,
com seus mais de 70% não conseguiu transferir, por que eu?
Essa carapuça não me cabe",
diz Lima.
Milagreiro
Nárcio Rodrigues, coordenador da bancada tucana de Minas, a queda de Alckmin foi um "fenômeno nacional".
O deputado federal disse esperar que não "se coloque a culpa nos que se empenharam pela eleição de Alckmin, como é o
caso de Aécio Neves".
"O governador é um grande
líder político. Não um milagreiro", afirma Rodrigues.
O pernambucano Sérgio
Guerra, coordenador-geral da
campanha, também atribui a
queda a um movimento nacional. Segundo Marcos Monteiro,
tesoureiro do PSDB e um dos
integrantes do comando da
campanha em São Paulo, também refuta os dados de uma
queda maior de Alckmin em
Estados dominados em termos
locais pelo partido. "A redução
foi em todo o país. Não dá para
ninguém reclamar. Nem os
paulistas", diz.
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