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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
STF dá a ex-petistas direito de ficarem calados em CPI
Vice-presidente da comissão, Raul Jungmann propõe adiar os depoimentos
Deputado do PPS disse que
não houve tempo hábil para
analisar a documentação
obtida pela Polícia Federal
durante as investigações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal
Federal) assegurou ontem a
dois ex-integrantes da campanha do presidente Lula o direito de não responderem a perguntas hoje no depoimento à
CPI dos Sanguessugas. Eles estão desobrigados de assinar o
termo de compromisso de verdade exigido de testemunhas.
Jorge Lorenzetti e Gedimar
Passos são peças centrais no
episódio da tentativa de compra, por R$ 1,7 milhão, de um
dossiê antitucano. Os dois entraram com habeas corpus no
STF justamente para não serem presos, poderem ficar calados para evitar a auto-incriminação, não serem obrigados a
assinar o termo e poderem ser
assistidos por advogado.
O ministro Carlos Ayres Britto negou salvo-conduto por julgar que CPI terá de respeitar os
direitos deles, mas citou expressamente os direitos de ficar calado, não assinar o termo
de compromisso, ser orientado
por advogado e não receber tratamento humilhante.
Além dos dois, a CPI ouve hoje também Valdebran Padilha.
O objetivo é tentar esclarecer
as principais dúvidas que permanecem após 46 dias do surgimento do escândalo: de onde
veio o R$ 1,7 milhão usado para
a compra do dossiê, quem foi o
mandante da operação e o que
exatamente os petistas buscavam adquirir com o dinheiro.
Lorenzetti, ex-coordenador
do setor de inteligência da campanha de Lula, é apontado pela
PF como mentor da trama. Gedimar, que trabalhava subordinado a Lorenzetti, e Valdebran,
então filiado ao PT, foram presos em 15 de setembro com o
R$ 1,7 milhão que seria usado
para a compra de documentos e
informações contra o hoje governador eleito José Serra.
O vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann
(PPS-PE), disse que vai pedir o
adiamento dos depoimentos
pois, segundo ele, não houve
tempo hábil para analisar a documentação recolhida pela PF.
À PF, Lorenzetti disse que
enviou Gedimar e um outro implicado no caso, o ex-diretor do
BB Expedito Veloso, a Cuiabá
para avaliar uma documentação que a família Vedoin afirmava ter contra políticos do
PSDB. O contato com os Vedoin seria feito por meio de
Valdebran.
(SILVANA DE FREITAS, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)
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