São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

STF dá a ex-petistas direito de ficarem calados em CPI

Vice-presidente da comissão, Raul Jungmann propõe adiar os depoimentos

Deputado do PPS disse que não houve tempo hábil para analisar a documentação obtida pela Polícia Federal durante as investigações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) assegurou ontem a dois ex-integrantes da campanha do presidente Lula o direito de não responderem a perguntas hoje no depoimento à CPI dos Sanguessugas. Eles estão desobrigados de assinar o termo de compromisso de verdade exigido de testemunhas.
Jorge Lorenzetti e Gedimar Passos são peças centrais no episódio da tentativa de compra, por R$ 1,7 milhão, de um dossiê antitucano. Os dois entraram com habeas corpus no STF justamente para não serem presos, poderem ficar calados para evitar a auto-incriminação, não serem obrigados a assinar o termo e poderem ser assistidos por advogado.
O ministro Carlos Ayres Britto negou salvo-conduto por julgar que CPI terá de respeitar os direitos deles, mas citou expressamente os direitos de ficar calado, não assinar o termo de compromisso, ser orientado por advogado e não receber tratamento humilhante.
Além dos dois, a CPI ouve hoje também Valdebran Padilha. O objetivo é tentar esclarecer as principais dúvidas que permanecem após 46 dias do surgimento do escândalo: de onde veio o R$ 1,7 milhão usado para a compra do dossiê, quem foi o mandante da operação e o que exatamente os petistas buscavam adquirir com o dinheiro.
Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Lula, é apontado pela PF como mentor da trama. Gedimar, que trabalhava subordinado a Lorenzetti, e Valdebran, então filiado ao PT, foram presos em 15 de setembro com o R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra de documentos e informações contra o hoje governador eleito José Serra.
O vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que vai pedir o adiamento dos depoimentos pois, segundo ele, não houve tempo hábil para analisar a documentação recolhida pela PF.
À PF, Lorenzetti disse que enviou Gedimar e um outro implicado no caso, o ex-diretor do BB Expedito Veloso, a Cuiabá para avaliar uma documentação que a família Vedoin afirmava ter contra políticos do PSDB. O contato com os Vedoin seria feito por meio de Valdebran. (SILVANA DE FREITAS, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)


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