São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Polícia prende 15 por irregularidades em franquia dos Correios

Prejuízo com o esquema foi estimado em R$ 30 milhões ao ano, segundo a PF

Investigação, que está sob sigilo, mostrou que grupo obrigava donos de agências a vendê-las; Correios dizem estar colaborando com a PF

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal prendeu ontem 15 pessoas em uma operação de combate a fraudes em agências franqueadas dos Correios. Houve apreensões em São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e DF.
Diretores e gerentes dos Correios foram presos, sob suspeita de participação no esquema. As prisões foram feitas em São Paulo, Sorocaba, São José do Rio Preto e Campinas (SP), Juiz de Fora (MG) e Brasília.
Quatro pessoas ainda estavam foragidas ontem. Foram apreendidos cinco veículos e R$ 500 mil em notas.
Os 19 mandados de prisão temporária (cinco dias) e os 43 de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal.
As investigações da Operação Déjà Vu começaram em janeiro de 2007 em Sorocaba. O delegado-chefe da PF em Sorocaba, Cláudio Martins, disse que foi provado que houve fraude na aquisição de agências franqueadas dos Correios. Segundo ele, o grupo obrigou o dono de uma franqueada em Votorantim (SP) a vendê-la, sob a ameaça de descredenciá-la.
A agência foi vendida ao grupo por R$ 118 mil e depois revendida por cerca de R$ 600 mil. Outras duas franqueadas foram vendidas e outra estava em processo de venda.
Além da fraude, a PF também apurou um esquema de transferência ilegal de serviços de postagens de grandes clientes para uma franquia específica, favorecendo o grupo em vez das agências oficiais. O prejuízo com o esquema foi estimado em R$ 30 milhões ao ano.
"Havia um desvio dos clientes de grande potencial -como bancos e empresas, que deveriam ser atendidos pelas centrais-, com anuência dos diretores e gerentes que foram presos", disse Martins.
A PF descobriu ainda irregularidades em processos licitatórios realizados nos Correios e no Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) para aquisição de equipamentos, com superfaturamento estimado em R$ 21 milhões.
Os presos foram indiciados sob suspeita de extorsão, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, descaminho, entre outros crimes. As penas variam de 2 a 12 anos de reclusão.
A PF não revelou o nome dos suspeitos, alegando segredo de Justiça. A direção dos Correios disse, em nota, que o seu departamento jurídico foi acionado para acompanhar o andamento do processo e a empresa está colaborando com a polícia.


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