Campinas, Domingo, 2 de agosto de 1998

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TURISMO
Iniciativa dos proprietários da Monte D'este mostra ao visitante o processo de produção do café em Campinas
Fazenda de 200 anos 'abre a porteira'

Fotos Marcos Peron/Folha Imagem
Trabalhador rural espalha os grãos de café para pré-secagem em terreiro na Fazenda Monte D'este; ao fundo, o casarão colonial que é a sede da fazenda de 200 anos


MARCOS PERON
da Reportagem Local

Próxima de completar dois séculos, a fazenda Monte D'este está abrindo suas porteiras para pessoas que queiram conhecer a história, o cultivo e o beneficiamento do café na região de Campinas.
A iniciativa partiu da família Iwasaki, proprietária da fazenda, e procura divulgar a história da cultura do café na região, mostrando aos visitantes os aspectos históricos e socioeconômicos do cultivo do café, além da produção de mudas, do preparo da terra, do desenvolvimento da planta, da colheita, da lavagem, da separação, da secagem e da torrefação.
A fazenda estabeleceu-se na região no final do século 17, como parte da sesmaria pertencente ao capitão-mor Floriano de Camargo Penteado. Em 1885 era conhecida como Fazenda Ponte Alta e já contava com 60 mil pés de café.
Em 1927 foi adquirida pela família Iwasaki, sócia-fundadora do grupo Mitsubishi, passando a se chamar Fazenda Monte D'este. O grupo implantou técnicas modernas para melhoria e conservação do solo, visando o aumento da produção de café. Hoje são cerca de 500 mil pés e uma produção média anual é de 4.000 sacos.
A fazenda preserva seu patrimônio histórico e o programa de visitação inclui a casa sede da fazenda, um restaurado casarão em estilo colonial construído em 1850, uma senzala, que abrigou colonos italianos no início do século 20, e um museu com fotos e objetos sobre a cultura e a história do café.
São também fornecidas informações históricas sobre a escravidão, a vida dos colonos, os tipos de mão-de-obra e as diferenças sociais decorrentes da integração dos vários colonos que trabalharam na região, de origem portuguesa, italiana, japonesa, brasileira e dos próprios escravos.
"As pessoas vêm para cá e passam um dia inteiro recebendo todo o tipo de informação sobre a cultura do café, além de conhecerem todo o funcionamento e a dinâmica de uma fazenda moderna", afirmou Lázara Abadia Gomes Ribeiro, 37, coordenadora de cultura e patrimônio da Agropecuária Tozan do Brasil Ltda., que administra a fazenda.
Parte da colheita do café já é feita por máquinas, mas a fazenda ainda emprega mão-de-obra de bóias-frias na colheita. Durante a visita pode-se conversar com a gente simples que trabalha na colheita do café, como Silvani Cassemiro, de 21 anos. Ela veio de Araxá (MG) onde deixou o marido e dois filhos, trabalha das 8h às 17h e ganha cerca de R$ 260 por mês.
As visitas devem ser marcadas com oito dias de antecedência e são realizadas aos sábados, domingos e feriados. O preço individual para a visita é de R$ 17, R$ 55 com almoço para grupos inferiores a 10 pessoas e R$ 15 (R$ 45 com almoço) para grupos com mais de 10 pessoas.
São também oferecidas visitas especiais para escolas. O pacote para estudantes tem uma duração de cinco horas e custa R$ 4 por aluno (somente a visita), R$ 6 com café da manhã, R$ 15 com almoço e R$ 18 com café e almoço. As visitas de escolas ocorrem desde 1995. Anualmente são recebidos 12 mil alunos de primeiro e segundo graus, além de universitários.



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