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CRISE NA ADMINISTRAÇÃO
Embrasa pára fornecimento alegando calote; situação só será regularizada sexta-feira
Prefeitura deixa 50,5 mil sem merenda
GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas
ANA PAULA SCINOCCA
free-lance para a Folha Campinas
A Embrasa, uma das quatro
empresas fornecedoras de merenda para a rede municipal de
ensino de Campinas, suspendeu
ontem o fornecimento de 30 mil
refeições para alunos de 87 escolas e creches da cidade.
O motivo, segundo a Embrasa
(Empresa Brasileira de Serviços
de Alimentação S/A), é o atraso
do pagamento do serviço pela
Prefeitura de Campinas.
A suspensão pode ter afetado
50,5 mil alunos.
Pelo contrato, as empresas devem disponibilizar refeições para
70% dos alunos.
O desabastecimento atingiu
principalmente as escolas das regiões sul e sudoeste, as mais carentes de Campinas.
O fornecimento só será regularizado na próxima sexta-feira,
quando duas das empresas que
terceirizam a merenda na cidade
devem suprir o serviço.
Contratação
As empresas afirmam que é necessária a contratação de emergência de 170 funcionários.
Houve suspensão e encerramento de aulas em algumas escolas, principalmente nas 18 Emeis
(Escolas Municipais de Educação
Infantil), que atendem alunos em
tempo integral.
A Secretaria da Educação de
Campinas não divulgou o número de alunos e de escolas que ficaram sem aula ontem e não informou se haverá novas suspensões.
Para suspender o pagamento, a
Embrasa alegou que está há sete
meses sem receber e que a dívida
atinge R$ 3,8 milhões. Segundo a
Lei de Licitações, o atraso só pode
ser de três meses.
Segundo a empresa, o último
pagamento, feito em julho, foi da
fatura referente ao mês de janeiro.
A prefeitura alega que o pagamento está atrasado desde fevereiro, mas que ele vem sendo feito
parcialmente todos os meses.
Segundo a prefeitura, por ser
um serviço essencial, o rompimento do contrato poderia ser
feito apenas por meio de uma determinação judicial, o que não
ocorreu.
Polêmica
Campinas tinha, até ontem,
quatro empresas fornecedoras de
merenda escolar para as 441 escolas e creches. A administração paga R$ 20,9 milhões por ano pelo
fornecimento das refeições.
O contrato está sendo investigado por duas auditorias, uma interna e outra externa, e ainda pela
CEI (Comissão Especial de Inquérito) que apura possíveis irregularidades nas finanças.
Antes da terceirização, feita a
partir de setembro de 98, a prefeitura pagava R$ 4,9 milhões pela
merenda, valor que chegaria a R$
9,8 milhões com os funcionários e
encargos, segundo cálculos da
própria prefeitura.
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