Campinas, Sábado, 5 de junho de 1999

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Crise na Saúde obriga paciente a "migrar" para hospitais da região

da Folha Campinas

Pacientes da rede pública de saúde de Campinas começaram a "migrar" para cidades da região em razão da crise no setor, marcada pela greve do funcionalismo e pela redução de leitos no HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O pronto-socorro da Santa Casa de Valinhos (10 km de Campinas) foi o mais atingido. A unidade passou a receber 45 pacientes de Campinas por dia, segundo o diretor clínico da unidade, Ruy Antonio Meirelles, sendo que normalmente recebe menos que a metade (20).
É o caso do motorista João Francisco Zanini. Ele levou seu filho, que torceu um dos pés, ontem a Valinhos para não enfrentar fila em hospitais de Campinas.
De acordo com a diretora técnica da DIR-15 (Direção Regional de Saúde), de Piracicaba, Marizete Medeiros da Costa Ferreira, as regionais têm um compromisso "histórico" em oferecer retaguarda às cidades que não comportarem a demanda de atendimento.
De acordo com a central reguladora de atendimentos e internações da região de Piracicaba, nas duas últimas semanas foram levadas seis pessoas para hospitais de outras cidades.
Todos os pacientes, que precisavam de atendimento urgente, deveriam ser medicados em Campinas, que é a primeira referência no setor. Três deles foram internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) em Piracicaba, dois em Limeira e um em Araras. Foram feitas duas cirurgias cardíacas em Piracicaba.
O Hospital Municipal de Paulínia (17 km de Campinas) também registrou um aumento médio de 7% no atendimento geral de pacientes que chegam à unidade pelo pronto-socorro, segundo o diretor administrativo do hospital, Antonio Piva Júnior.
Em todo o mês passado, foram feitos 12.243 atendimentos na unidade de Paulínia. Segundo Piva Júnior, a crise na rede de Campinas determinou o aumento.
Funcionários do Hospital Municipal Mário Gatti estão em greve desde o dia 13 de maio. No restante da rede municipal, a adesão à greve ocorreu no dia 28, paralisando parcial ou totalmente as atividades em postos de saúde.
Com isso, a população superlotou os prontos-socorros que ainda atendem na cidade. No Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, houve um aumento de 20% na média de 510 atendimentos diários.
O hospital Mário Gatti e os prontos atendimentos do Jardim São José e da Vila Padre Anchieta, estão atendendo apenas com 30% da capacidade.



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