Campinas, Sábado, 5 de junho de 1999

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Celso Pierro terá verba da prefeitura

SORAYA AGÉGE
editora da Folha Campinas

A Prefeitura de Campinas vai pagar pelos atendimentos extras que o Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), tem feito na cidade há um mês.
O secretário Municipal da Saúde, Odair Albano, afirmou ontem à Folha que vai repassar verbas do Fundo Municipal de Saúde para cobrir o rombo financeiro, criado pelo aumento de até 60% em sua demanda, empurrada pelo próprio desmonte da rede pública.
Os valores do repasse não foram revelados. Segundo o administrador do hospital, Vanderci Carrara, a divulgação da quantia pode comprometer o fechamento do acordo, previsto para a próxima segunda-feira.
Albano também não quis divulgar valores, mas afirmou que a prefeitura também ofereceu reposição de estoques de medicamentos e até médicos plantonistas para o Celso Pierro.
A PUC ameaçou fechar leitos do hospital na última quarta-feira, e avaliou que está sendo forçada a cobrir toda a deficiência da saúde pública na cidade.
"A PUC não vai mais fechar leitos. O hospital vai receber por tudo o que mostrou ter feito a mais", garantiu o secretário da Saúde ontem.
Questionado sobre o fato de a prefeitura não conseguir solucionar sua própria crise financeira, o que teria motivado o processo de desmonte do sistema, Albano afirmou que poderá usar verbas do próprio SUS, em forma de repasse ao hospital.
O Fundo Municipal de Saúde é quem gerencia a verba, por meio do Conselho Municipal de Saúde, presidido pelo próprio Albano.
Integrantes da área fiscal do Conselho e do Movimento Popular de Saúde ouvidos pela Folha ontem afirmaram duvidar da viabilidade da transferência da verba para a PUC.
"Estamos sendo surpreendidos pela notícia, mas desconheço mecanismos que viabilizem esse acordo por meio do Fundo", disse Armando Botta, da área fiscal do Conselho Municipal de Saúde.
O integrante dos Conselhos Popular e Municipal Lúcio Rodrigues afirmou que os representantes devem estudar a proposta do secretário.
Segundo ele, a PUC já tinha recebido uma negativa do Conselho Municipal diante de um pedido para ter seu repasse financeiro ampliado.
Para o secretário, entretanto, as possibilidades são certas.
"A PUC mostrou que é parceira e a prefeitura vai ter que pagar. Afinal, a responsabilidade pela gestão municipal é da prefeitura. Não vou glosar a PUC. Estamos disponibilizando nossos plantonistas inclusive. Temos 260 médicos para atender na PUC", afirmou Albano.



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