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ABASTECIMENTO
Desde setembro, o aumento acumulado do combustível chega a 73,75% nos postos da cidade
Álcool sobe até 26,36% em Campinas
GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas
O preço do álcool subiu até
26,36% nos 175 postos de combustíveis de Campinas entre sexta-feira e anteontem. O valor do
litro do álcool passou, em média,
de R$ 0,55 para R$ 0,695.
O aumento acumulado do produto no último mês, quando o
preço por litro custava R$ 0,40,
chega a 73,75%.
O aumento ocorre justamente
após o governador Mário Covas
(PSDB) anunciar incentivos para
a produção de veículos a álcool,
como a isenção do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e a doação de
mil litros do combustível para os
proprietários de veículos a álcool
novos.
Dois fatores contribuíram para
o aumento no preço do combustível. O primeiro foi o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que antes era
recolhido pelas distribuidoras e
passou para os produtores.
A mudança, ocorrida a partir de
1º de setembro, fez com que a sonegação fosse reduzida no setor.
O segundo fator foi o aumento do
álcool por parte dos usineiros,
que reduziram seus estoques e
passaram a investir em açúcar para a exportação.
O presidente do Recap (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e
Região), Emílio Martins, disse
que o aumento nos postos é um
reflexo do reajuste feito pelas distribuidoras na última semana.
"Quem tem de explicar é a distribuidora", afirmou Martins.
Segundo um dos coordenadores do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), Alísio Vaz, as duas medidas acabaram aumentando o preço do álcool hidratado.
"Além do fim da sonegação, que
é bom para todo mundo, os usineiros acabaram optando pela
produção de açúcar, que é mais
rentável. O estoque caiu e o preço
do álcool acabou sendo aumentado", afirmou.
O presidente do conselho consultivo da BBA (Bolsa Brasileira
de Álcool), João Carlos de Figueiredo Ferraz, admitiu que o investimento no mercado de açúcar
por parte dos usineiros influenciou de fato o aumento do preço
do produto.
A BBA reúne 164 grandes usineiros do centro-sul brasileiro e
controla 90% do mercado de álcool hidratado no Brasil.
Ferraz afirmou ainda que o aumento nos preços serviu para que
o mercado fosse regulado, após a
defasagem apontada desde o início do ano.
"Neste ano o preço da gasolina
subiu 78% e esse aumento só não
foi maior porque ela tem 24% de
álcool cujo preço não subiu. Já o
preço do álcool ficou congelado
desde então", afirmou Ferraz.
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