Campinas, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999

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ABASTECIMENTO
Desde setembro, o aumento acumulado do combustível chega a 73,75% nos postos da cidade
Álcool sobe até 26,36% em Campinas

GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas

O preço do álcool subiu até 26,36% nos 175 postos de combustíveis de Campinas entre sexta-feira e anteontem. O valor do litro do álcool passou, em média, de R$ 0,55 para R$ 0,695.
O aumento acumulado do produto no último mês, quando o preço por litro custava R$ 0,40, chega a 73,75%.
O aumento ocorre justamente após o governador Mário Covas (PSDB) anunciar incentivos para a produção de veículos a álcool, como a isenção do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e a doação de mil litros do combustível para os proprietários de veículos a álcool novos.
Dois fatores contribuíram para o aumento no preço do combustível. O primeiro foi o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que antes era recolhido pelas distribuidoras e passou para os produtores.
A mudança, ocorrida a partir de 1º de setembro, fez com que a sonegação fosse reduzida no setor. O segundo fator foi o aumento do álcool por parte dos usineiros, que reduziram seus estoques e passaram a investir em açúcar para a exportação.
O presidente do Recap (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região), Emílio Martins, disse que o aumento nos postos é um reflexo do reajuste feito pelas distribuidoras na última semana. "Quem tem de explicar é a distribuidora", afirmou Martins.
Segundo um dos coordenadores do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), Alísio Vaz, as duas medidas acabaram aumentando o preço do álcool hidratado.
"Além do fim da sonegação, que é bom para todo mundo, os usineiros acabaram optando pela produção de açúcar, que é mais rentável. O estoque caiu e o preço do álcool acabou sendo aumentado", afirmou.
O presidente do conselho consultivo da BBA (Bolsa Brasileira de Álcool), João Carlos de Figueiredo Ferraz, admitiu que o investimento no mercado de açúcar por parte dos usineiros influenciou de fato o aumento do preço do produto.
A BBA reúne 164 grandes usineiros do centro-sul brasileiro e controla 90% do mercado de álcool hidratado no Brasil.
Ferraz afirmou ainda que o aumento nos preços serviu para que o mercado fosse regulado, após a defasagem apontada desde o início do ano.
"Neste ano o preço da gasolina subiu 78% e esse aumento só não foi maior porque ela tem 24% de álcool cujo preço não subiu. Já o preço do álcool ficou congelado desde então", afirmou Ferraz.


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