Campinas, Sábado, 6 de março de 1999

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ECONOMIA
Com redução de gastos com a folha de pagamento, a empresa pretende contratar mais 115 trabalhadores
Nardini reduz salário e jornada de 550

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

A Indústrias Nardini S/A, de Americana (28 km da Campinas), reduziu em 20% os salários e em 50% a jornada de trabalho de seus 550 trabalhadores.
A proposta foi feita aos trabalhadores há 15 dias e aprovada anteontem em assembléia entre representantes da empresa e do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, ligado à Força Sindical.
A medida visa conter gastos e evitar que ocorram demissões na empresa.
Agora a Nardini opera em dois turnos de trabalho e abriu contratações para o setor de produção. Os funcionários da produção trabalham das 5h30 às 11h30 e das 11h30 às 17h30.
De acordo com a diretoria da empresa, com a redução dos salários serão contratados mais 115 trabalhadores ainda neste mês. A finalidade da contratação é ampliar a produção.
Pelo menos 60% das máquinas industriais da empresa são exportadas para os Estados Unidos, Canadá e Alemanha.
A empresa tem uma dívida com bancos estimada em R$ 200 milhões. A diretoria da Nardini tenta viabilizar um empréstimo junto a bancos para continuar pagando os funcionários.
A folha de pagamento da metalúrgica é estimada em R$ 400 mil, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdir Pereira da Silva.
De acordo com Silva, a empresa tenta viabilizar um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para quitar parcelas de dívidas bancárias.
Há duas semanas, metalúrgicos da empresa fecharam a rodovia Anhanguera, em Nova Odessa, como protesto para cobrar do BNDES o empréstimo à Nardini.
"Não descartamos a possibilidade de realizar novas manifestações para pressionar o BNDES a conceder um empréstimo à companhia", disse Silva.
Segundo o sindicado, funcionários e empresa tentam um empréstimo de R$ 9,8 milhões.
A empresa também estuda suspender o restaurante para os funcionários como forma de cortar gastos.

Produção
A Nardini paralisou as atividades durante seis meses. A produção foi interrompida entre janeiro e junho do ano passado, devido à falta de recursos financeiros para compra de matéria-prima.
A crise da companhia começou no final da década de 80, quando a deixou de depositar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos funcionários.
A crise fez o investidor RenatoFranchi assumir o comando da indústria, substituindo a família Nardini.



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