Campinas, Terça, 6 de outubro de 1998

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TRÂNSITO
Pesquisa mostra maior lentidão do que SP
Campinas tem 2º pior tráfego do país

MARINA AVANCINI
da Reportagem Local

Campinas é a segunda cidade no ranking de pior trânsito no pico da manhã entre dez municípios brasileiros, segundo levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e da ANTP (Associação Nacional de Transporte Público).
Em Campinas, os motoristas andam em uma velocidade média de 24,73 km/h, entre 7h e 9h, contra 23,08 km/h no Rio de Janeiro, o campeão do ranking.
A situação em Campinas é pior do que a enfrentada pelos paulistanos, que andam em uma velocidade média de 26,96 km/h nesse mesmo pico da manhã.
No pico da tarde, Campinas fica em quarto lugar, com velocidade média de 23,37 km/h, entre 17h e 19h. Nesse período os paulistanos enfrentam o pior trânsito.
Além de Campinas, Rio e São Paulo, o levantamento foi feito em Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Curitiba (PR), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Brasília (DF).
A definição das cidades que seriam pesquisadas se baseou na população e na frota de veículos, segundo o diretor da ANTP Eduardo Alcântara Vasconcelos. O levantamento, último feito na área, foi concluído em 97.
O professor da área de transportes da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Carlos Alberto Bandeira Guimarães disse que o trânsito de Campinas é pior em determinados pontos e em horários específicos em razão do nível de "motorização" da cidade.
Campinas tem em média um veículo para 2,23 pessoas. A frota é de 420 mil veículos para uma população de 937.135 habitantes, segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
²Segundo Guimarães, o crescimento da frota de Campinas é de 6% ao ano desde julho de 94. A taxa de crescimento da população da cidade, entretanto, é de aproximadamente 2,43% ao ano.
Guimarães disse que se o aumento da frota manter esse patamar, o projeto Rótula, implantado em 96 para diminuir o tráfego de veículos no centro, só suportará o trânsito até o ano 2001. "Nesse ritmo de crescimento da frota, a cidade vai ter o dobro do número atual de veículos em dez anos", afirmou.

Consequências
O psiquiatra e professor da Unicamp Maurício Knobel disse que o estresse causado pelo trânsito cria desde crises de saúde até complicações nas relações sociais.
Segundo ele, a ansiedade das pessoas em chegar a determinado local provoca reações no sistema nervoso. "Quando chega ao seu destino, o motorista descarrega o nervosismo nas pessoas mais próximas, o que compromete suas relações sociais. A ansiedade também pode causar problemas de saúde", afirmou Knobel.



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