Campinas, Quinta-feira, 07 de Dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO PERUS
Material encontrado no cemitério de Perus, na capital, estava sob responsabilidade da Unicamp há dez anos
Ossadas são transferidas para IML de SP

ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

As ossadas encontradas no cemitério Dom Bosco, em Perus, em São Paulo (99 km de Campinas), começam a ser transferidas hoje para o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo.
O material está sob a responsabilidade da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) há dez anos.
Segundo o presidente da Comissão de Perícia Técnica, Roberto Romano, serão transferidas apenas 7 das 1.047 ossadas guardadas no Departamento de Tanatologia da Unicamp.
A Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos acredita que, entre as sete ossadas, há chances de identificar familiares que foram mortos durante o regime militar.
Hiraki Torigoi, Luiz José da Cunha, Flávio Molina de Carvalho e Dimas Antônio Casemiro são citados pela Comissão de Familiares como supostos desaparecidos que podem ser identificados.
Romano afirmou que a documentação de identificação das ossadas que ainda estavam na universidade também serão levadas para o IML.
A transferência será acompanhada pelo médico legista Daniel Munhoz, do IML, pela Comissão de Perícia Técnica e por um representantes da Secretaria do Estado da Segurança Pública.
O restante do material permanecerá na Unicamp até que se conclua a compra de caixas especiais para o traslado.
As 1.040 ossadas seguirão para o cemitério do Araçás.
"No Araçás, as ossadas terão sua integridade preservada, sem prejuízo para uma futura análise", disse Romano.
A transferência do material estava prevista no cronograma de transferência elaborado durante uma reunião ocorrida no último dia 8 de novembro entre o IML, a universidade, o Ministério Público Federal e a Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Durante a reunião, ficou estabelecido um prazo de 30 dias para o início da transferência.
Segundo o procurador da República, Marlon Wecher, os trabalhos de identificação das ossadas devem começar assim que a transferência seja concluída.
O IML deve apresentar, no início de fevereiro de 2001, um projeto de trabalho de identificação e resultados da análise das primeiras ossadas.
A USP (Universidade de São Paulo) deve auxiliar os trabalhos de identificação das ossadas.
O processo de identificação foi interrompido em 1995. A Unicamp alega que não tinha mais condições técnicas para dar prosseguimento aos trabalhos.


Texto Anterior: Tráfico financia aeroportos em SP
Próximo Texto: Transporte: Santa Bárbara "estende" contrato por dez anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.