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ECONOMIA
Empresa alega queda na produção e tenta negociar pagamento das rescisões
Usina demite 288 em Rio das Pedras
da Folha Campinas
A Usina São José, da cidade de
Rio das Pedras, anunciou ontem a
demissão de 288 trabalhadores,
sendo que 80 deles são do setor de
alimentação e 208 filiados ao Sindicato Rural de Capivari.
A direção da empresa atribuiu o
corte de funcionários à falta de política de incentivo da produção de
álcool por parte do governo.
Segundo Cláudio Amary, diretor
da empresa, está ocorrendo uma
constante diminuição da demanda
do álcool.
Ele estima que cerca de 6 milhões
de litros de álcool devem sobrar no
estoque da empresa este ano, sem
compradores.
"Só na região Centro-Sul do Estado, o estoque de álcool chega a
1,8 bilhão de litros. O ideal seria a
mistura do álcool ao óleo diesel e
um maior incentivo à produção do
carro a álcool", disse Amary.
A usina produz 24 milhões de litros de álcool por ano. Em 98, este
número diminuiu para 23 milhões.
A indústria canavieira está na entressafra.
Nessa época, a Usina São José
utiliza normalmente cerca de 500
trabalhadores. Este ano, a mão-de-obra caiu para 200 funcionários
devido às demissões.
Na época da safra, o número de
trabalhadores costuma ser de 1.100
a 1.200.
Segundo Amary, o preço do litro
do álcool no mercado internacional caiu de R$ 0,41 para R$ 0,18.
"A exemplo da Usina São José,
outras empresas do setor devem
tomar a mesma atitude se o governo continuar com a atual política",
disse.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores nas indústrias de
Alimentação de Piracicaba e Região, Fânio Luiz Gomes, disse que
o desemprego no setor é fruto do
descaso do governo federal com o
Proálcool, que, para ele, não dá garantias ao setor.
Ele esteve reunido ontem com a
direção da usina, com que vem se
encontrando constantemente para
evitar que a empresa feche as portas.
Segundo Gomes, as dificuldades
financeiras têm feito com que a
usina não recolha o FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço)
dos seus funcionários desde julho
passado.
De acordo com o sindicalista,
atualmente a usina não tem condições de quitar a rescisão do contrato de trabalho dos demitidos.
Por isso, teria ido buscar um
acordo com o sindicato para que se
consiga junto à Justiça do Trabalho um entendimento, para que os
trabalhadores possam receber a
rescisão do contrato em seis parcelas.
A direção da usina confirmou
que vem tentando um "pacote"
para pagar as rescisões.
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