Campinas, Terça, 8 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA
Empresa alega queda na produção e tenta negociar pagamento das rescisões
Usina demite 288 em Rio das Pedras

da Folha Campinas

A Usina São José, da cidade de Rio das Pedras, anunciou ontem a demissão de 288 trabalhadores, sendo que 80 deles são do setor de alimentação e 208 filiados ao Sindicato Rural de Capivari.
A direção da empresa atribuiu o corte de funcionários à falta de política de incentivo da produção de álcool por parte do governo.
Segundo Cláudio Amary, diretor da empresa, está ocorrendo uma constante diminuição da demanda do álcool.
Ele estima que cerca de 6 milhões de litros de álcool devem sobrar no estoque da empresa este ano, sem compradores.
"Só na região Centro-Sul do Estado, o estoque de álcool chega a 1,8 bilhão de litros. O ideal seria a mistura do álcool ao óleo diesel e um maior incentivo à produção do carro a álcool", disse Amary.
A usina produz 24 milhões de litros de álcool por ano. Em 98, este número diminuiu para 23 milhões.
A indústria canavieira está na entressafra.
Nessa época, a Usina São José utiliza normalmente cerca de 500 trabalhadores. Este ano, a mão-de-obra caiu para 200 funcionários devido às demissões.
Na época da safra, o número de trabalhadores costuma ser de 1.100 a 1.200.
Segundo Amary, o preço do litro do álcool no mercado internacional caiu de R$ 0,41 para R$ 0,18.
"A exemplo da Usina São José, outras empresas do setor devem tomar a mesma atitude se o governo continuar com a atual política", disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias de Alimentação de Piracicaba e Região, Fânio Luiz Gomes, disse que o desemprego no setor é fruto do descaso do governo federal com o Proálcool, que, para ele, não dá garantias ao setor.
Ele esteve reunido ontem com a direção da usina, com que vem se encontrando constantemente para evitar que a empresa feche as portas.
Segundo Gomes, as dificuldades financeiras têm feito com que a usina não recolha o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos seus funcionários desde julho passado.
De acordo com o sindicalista, atualmente a usina não tem condições de quitar a rescisão do contrato de trabalho dos demitidos.
Por isso, teria ido buscar um acordo com o sindicato para que se consiga junto à Justiça do Trabalho um entendimento, para que os trabalhadores possam receber a rescisão do contrato em seis parcelas.
A direção da usina confirmou que vem tentando um "pacote" para pagar as rescisões.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.