Campinas, Quarta-feira, 10 de Janeiro de 2001

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CULTURA
Maestro Benito Juarez é exonerado após 25 anos na direção da orquestra; professor Aylton Escobar assume hoje
Juarez deixa a sinfônica de Campinas

DA FOLHA CAMPINAS

O maestro Benito Juarez foi exonerado do cargo de diretor artístico da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas depois de 25 anos na função.
No lugar de Juarez, assume hoje o regente, compositor e professor do departamento de música da USP (Universidade de São Paulo) Aylton Escobar. A nomeação de Escobar será publicada hoje no "Diário Oficial" do Município.
Juarez foi exonerado pelo ex-prefeito Francisco Amaral (PPB) porque exercia o cargo de confiança -sem concurso público.
A exoneração foi confirmada ontem pelo secretário Jorge Coli (Cultura) e pelo ex-secretário José Francisco Pacola (Recursos Humanos).
"Cargos como esse podem não ser reconduzidos", disse Coli.
Um abaixo-assinado da Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica de Campinas pediu ao prefeito Antonio da Costa Santos (PT) a reformulação da orquestra, incluindo a saída de Juarez.
O nome de Escobar foi escolhido por Coli e pelo secretário Rogério Cezar de Cerqueira Leite (Assuntos de Cooperação Internacional). "Ele (Escobar) é um dos músicos brasileiros mais citados", disse Leite. De acordo com Cerqueira Leite, o nome de Juarez foi descartado "de imediato".
"Ele (Juarez) já estava no comando havia muito tempo e a relação de um regente com a orquestra é algo complicado. Já estava muito conflituoso."
Segundo o presidente da associação dos músicos, Sávio Araújo, os integrantes da orquestra já haviam manifestado a intenção de promover uma reformulação geral na sinfônica, incluindo a troca do maestro e diretor artístico Benito Juarez.
"A maioria dos músicos queria essa mudança. Isso chegou à equipe de transição do Toninho e acredito que tenha contribuído para o plano de governo dele, que prevê uma grande renovação artística na orquestra", disse.
O abaixo-assinado pedindo a saída de Benito Juarez foi assinada por 64 dos 80 músicos, segundo a Folha apurou.
Em dezembro, em uma assembléia formada por cerca de 50 músicos, foi feita uma votação que indicou à equipe de transição do PT quatro novos nomes para a regência da orquestra, entre eles o de Aylton Escobar.
"Com certeza, daqui para frente, teremos uma sinfônica digna de grandes obras, sem esquecer os músicos clássicos brasileiros", disse Araújo.
Segundo Araújo, a tendência defendida por Benito Juarez de interpretar obras da Música Popular Brasileira, em lugar dos clássicos, era um dos maiores fatores de discordância.
O percussionista da orquestra João Stecca, que está na sinfônica há 25 anos, disse que o relacionamento com maestro estava desgastado. "Ela desrespeitava os músicos", disse.
O maestro Benito Juarez e Aylton Escobar não foram encontrados ontem para comentar as mudanças na orquestra.


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