Campinas, Sexta, 10 de setembro de 1999

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SAÚDE
Fechamento de leitos do HC e Caism e suposto desvio de verbas do SUS são objeto de investigação
Ministério apura verba da Unicamp

GUSTAVO PORTO
da Folha Campinas

O Ministério da Saúde começou a investigar a gestão da verba do SUS (Sistema Único de Saúde) pelo complexo hospitalar da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ao longo dos últimos cinco anos.
A auditoria investiga os motivos da redução de 72 leitos no Hospital de Clínicas e no Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) e ainda o suposto desvio de finalidade de 25,07% dos R$ 64 milhões repassados pelo SUS anualmente à Unicamp.
Da verba total, 16,07% (R$ 10,28 milhões) vão para um fundo próprio, que serve para aumentar em até 100% os rendimentos de 368 docentes, denominado Fucs (Fundo de Complementação Salarial).
Os 9% restantes são usados em pesquisas, viagens, obras e equipamentos para a FCM (Faculdade de Ciências Médicas).
As investigações estão sendo feitas há pelo menos 15 dias por dez funcionários do ministério, entre médicos, contadores e enfermeiros. Elas serão encerradas em dez dias, segundo a assessoria de imprensa do ministério.
Após o término da auditoria, caso sejam encontradas irregularidades, a Unicamp terá 20 dias para apresentar uma defesa.
O Fucs existe há 11 anos e foi criado pela congregação da FCM. O sistema sofreu várias alterações ao longo desses anos e hoje permite que os docentes tenham seus rendimentos ampliados em até 100%.
A procuradora da República em Campinas Cristiane Miranda Botelho, que investiga o caso, está acompanhando o trabalho.
Segundo Cristiane, a auditoria está sendo feita em duas frentes, uma na Unicamp e outra em São Paulo, na Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo repasse da verba, que é enviada pelo Ministério da Saúde.
Segundo Cristiane, assim que a auditoria terminar, a Procuradoria se manifestará. "Depois disso, nós vamos tomar uma posição em relação ao caso."
Ela investiga o caso desde 21 de julho, após reportagens publicadas pela Folha, com base em documentação da própria universidade.
Segundo ela, apesar de o Fucs ter sido criado há 11 anos, apenas a gestão dos últimos cinco anos é investigada, "pois o período anterior já está prescrito".
Após o término das investigações por parte do Ministério da Saúde, duas posições podem ser tomadas pela Procuradoria.
"A Procuradoria pode sugerir um termo de ajustamento de conduta em relação ao atendimento. Em relação ao possível desvio de finalidade da verba do SUS, caso haja a constatação, nós vamos ajuizar uma ação no Ministério Público Federal", disse.
O reitor da Unicamp, Hermano Tavares, afirmou ontem que a auditoria é "saudável e bem-vinda". Ele disse ainda que pode corrigir qualquer irregularidade.



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