Campinas, Sábado, 11 de Março de 2000


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CONSUMO
Mercadoria, que vinha do Mato Grosso do Sul, não poderia ser comercializada em São Paulo
35 t de carne suspeita são apreendidas

TATIANA SABADINI
free-lance para a Folha Campinas

A Secretaria de Estado da Agricultura apreendeu ontem em Campinas 35 toneladas de carne bovina com osso vinda do Mato Grosso do Sul. O produto não tinha o selo de liberação que permite o consumo em São Paulo.
Por São Paulo estar incluído na zona livre da febre aftosa, o Ministério da Agricultura proibiu o consumo de carne com osso proveniente de Estados como o Mato Grosso do Sul, onde ainda existem focos da doença. A carne só poderia ser comercializada em São Paulo se estivesse desossada e fosse submetida a processo de maturação -resfriamento a 12C por 24 horas-, o que assegura a não-contaminação pelo vírus da febre aftosa.
A doença, causada pelo aflovirus, ataca bovinos, suínos e caprinos. O vírus permanece vivo na medula óssea do animal, mesmo depois de morto. Raramente atinge o homem.
Os proprietários da carne estariam trocando as etiquetas que permitem a passagem da carne por São Paulo, pela via Dutra, para ser entregue no Rio de Janeiro.
Quando chegam à divisa com São Paulo, os caminhões que transportam carne com osso são lacrados e recebem a etiqueta com a procedência e o destino da carga. Segundo o diretor do Grupo de Defesa Sanitária Animal da secretaria, Heinz Otto Hillwig, 49, as etiquetas do Mato Grosso do Sul estavam sendo trocadas pelas de São Paulo, o que permitiria que a carne fosse comercializada no Estado.
A carne estava sendo descarregada no frigorífico Margen, em Campinas, quando a fiscalização chegou. Segundo o diretor da Defesa Sanitária, o frigorífico Margen poderá ser autuado por descumprir as normas sanitárias do Estado de São Paulo. O valor da multa não foi divulgado.
Após a apreensão, a carne foi transportada para Louveira, onde será transformada em farinha para consumo animal.
O frigorífico pode ter as atividades suspensas pelo Ministério da Agricultura e ser autuado pela fiscalização fazendária.
A Folha entrou em contato com a diretoria do frigorífico durante toda a tarde de ontem, mas não obteve resposta. Uma funcionária, que se identificou como Raquel, disse que os diretores estavam em reunião e que telefonariam mais tarde, o que não aconteceu até as 19h30 de ontem.
O bloqueio contra a febre aftosa dividiu o mapa da pecuária brasileira em duas áreas: a zona livre de febre aftosa, como São Paulo, e a zona infectada, caso do Rio de Janeiro e do Mato Grosso do Sul.
A medida está em vigor desde a publicação de uma portaria do Ministério da Agricultura, em 28 de dezembro.


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