Campinas, Domingo, 11 de abril de 1999

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EDUCAÇÃO
Consumo com a folha de pagamentos bate recorde ao mesmo tempo que o déficit previsto chega a R$ 40 mi
Salário 'engole' orçamento da Unicamp

ELI FERNANDES
free-lance para a Folha Campinas

Dos R$ 380 milhões do orçamento total da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para 99, 95% -ou R$ 361 milhões- vão ser consumidos com o pagamento de funcionários e aposentados.
A partir desse cenário, a universidade está reduzindo atendimentos no Hospital de Clínicas, compras de livros para suas bibliotecas e aquisições de equipamentos.
Esse índice representa um recorde de gastos com salários nos 33 anos da universidade.
Além disso, soma-se a um momento de crise financeira da universidade. A Unicamp prevê um déficit de R$ 40 milhões até o final do ano -R$ 10 milhões a mais do que em 98-, segundo a reitoria.
No total, trabalham na universidade 12 mil pessoas, segundo o STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), que estima em mil o número de inativos.
A meta da reitoria é reduzir o consumo da folha de pagamentos a 75% do orçamento até 2002, final do mandato do atual reitor, Hermano Tavares de Medeiros.
A reitoria enfrenta resistências das entidades que representam professores, funcionários e alunos para aprovar uma medida que aumentaria a captação de verbas.
A reitoria vai propor o aumento da prestação de serviços remunerados ao setor privado. Para isso, quer criar um órgão deliberativo responsável pelo plano.
No STU, por exemplo, a medida é vista como a possibilidade de as empresas interferirem na gestão da universidade.
A Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp) também tem reservas quanto à medida por temer a influência de empresas.
O economista Mário Presser, assessor para assuntos orçamentários da reitoria, acredita que a crise se deve à queda da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
"A lei Kandir, que criou as isenções no ICMS e a guerra fiscal dos Estados, não atingiu suas metas. O desemprego só aumentou em São Paulo e as universidades públicas é que sofrem com a quebra".
Ele é contrário às demissões. A forma de redução nos gastos ainda é uma incógnita na reitoria.
O sociólogo José Roberto Zan, presidente da Adunicamp, disse que as entidades vão pressionar a Assembléia Legislativa para aumentar a destinação da arrecadação do ICMS às universidades.



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