Campinas, Sexta-feira, 11 de Maio de 2001

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ABASTECIMENTO
Medida começa hoje e vai deixar 76 bairros do município sem água; ainda não há previsão de término
Racionamento vai afetar 100 mil em Itu

Patrícia Santos/Folha Imagem
Vista da represa do Itaim, a principal de Itu, que está operando com 20% de sua capacidade


ADEMAR MARTINS FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Pelo menos 100 mil pessoas serão atingidas pelo racionamento de água que começa na manhã de hoje em Itu (55 km de Campinas). O corte do abastecimento afetará 76 bairros e não tem previsão de término, segundo a prefeitura.
Itu é a primeira cidade da região a tomar a medida este ano e é a que mais sofreu com o problema no ano passado.
Sumaré, que também passou pelo mesmo problema em 2000, informou que a única medida tomada este ano foi o monitoramento dos pontos de captação.
O racionamento de água será coordenado pelo Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Itu e deve atingir um terço da população -o que representa aproximadamente 50 mil pessoas- em cada período de corte.
Cada etapa de corte durará dez horas, segundo a prefeitura.
A represa do Itaim, que ao lado da represa do Fubaleiro é responsável por 75% do abastecimento da cidade, está com o nível 1,9 metro abaixo do normal.
A represa do Itaim opera com 20% da capacidade e a vazante secou há mais de uma semana.
As duas maiores represas deverão receber água dos dois pontos de captação que estão com o nível próximo do normal, Praiaiá e Cidade Nova, segundo o Saae.
Além disso, um dos dois locais de captação da represa do Itaim já não alcança, desde ontem, o ponto de captura da água.
A represa do Fubaleiro está com apenas 50% de sua capacidade normal, o mesmo nível encontrado na estação de captação Santo Antônio.
O corte em Itu não terá como único objetivo a economia de água para o consumo da população, calculada em cerca de 145 mil habitantes.
A medida visa também a preparação da cidade para o racionamento de energia anunciado pelo Ministério das Minas e Energia e que começa em junho.
Para o coordenador do Cepagri (Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Hilton Pinto, o acúmulo de períodos de estiagem é o principal responsável pela pouca captação de água em toda a região. "A água não tem faltado para a agricultura e sim para o consumo".

Cronograma
Hoje e amanhã, os 24 bairros das zonas oeste e noroeste ficarão sem água durante todo o dia. O corte começa às 8h e deve ser interrompido só por volta das 18h.
No domingo e na segunda, será a vez dos 25 bairros das zonas central e norte entrarem no rodízio. Na terça e na quarta-feira, as regiões sul e sudeste, que possuem 27 bairros, terão o abastecimento de água interrompido.

Medidas
Os únicos bairros que não entraram no rodízio são os da região do Pirapitingui, na periferia da cidade, que não é atendida pelas maiores represas da cidade.
Além do rodízio e da transferência de água das represas cheias para as que estão com o nível baixo, o Saae adotou outras medidas a fim de diminuir o impacto no racionamento.
O governo estadual liberou R$ 200 mil para que sejam perfurados quatro poços artesianos na cidade ainda este ano.
A prefeitura investe na recuperação de antigos postos artesianos e é executado o desassoreamento das represas do Itaim, que começou em janeiro, e do Taquaral, que começou este mês.
A quarta medida adotada foi a construção de um reservatório de água com capacidade de armazenar até 5 milhões de litros de água, segundo a prefeitura.
A principal medida da prefeitura para resolver o problema de abastecimento a médio e a longo prazos é a construção de duas novas barragens e reservatórios de água. O valor da obra não foi divulgado. A administração está terminando os estudos sobre o impacto ambiental que as barragens criarão e prevê que elas estarão prontas até a metade de 2005.


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