Campinas, Sexta-feira, 11 de Maio de 2001

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AMBIENTE
Vídeo mostrará entrevistas com moradores do bairro Recanto dos Pássaros; convenção será realizada na Suécia
ONG leva caso Shell a encontro mundial

DA FOLHA CAMPINAS

Os casos de contaminação por drins (pesticidas) em Paulínia (17 km de Campinas) serão usados por ambientalistas como exemplo dos males causados pelos organoclorados em convenção mundial, prevista para ocorrer entre os dias 21 e 23, em Estocolmo, na Suécia.
O encontro na capital sueca vai reunir representantes de 132 países para discutir e assinar um tratado sobre o banimento dos POPs (Poluentes Organoclorados Persistentes).
Os ambientalistas pretendem acabar com a produção mundial de 12 produtos químicos tóxicos, entre eles o Dieldrin, manipulado pela Shell até 85 nas fábricas de Paulínia.
As entrevistas com dez moradores do bairro Recanto dos Pássaros, supostamente contaminados por drins (Aldrin, Endrin e Dieldrin), constam em um vídeo de 12 minutos, assinado por 85 ONGs (organização não-governamental) do Estado.
Além de Paulínia, que ocupa cinco minutos da fita, outros três exemplos serão demonstrados no vídeo: o caso Rodhia, em Cubatão, DDT, em Mato Grosso do Sul, e Ascarel, na antiga malha ferroviária Sorocabana.
"Esse vídeo vai mostrar a falta de mecanismos institucionais em países em desenvolvimento para controle ou ação em casos de contaminação", afirmou o conselheiro do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), Carlos Bocuhy.
De acordo com a representante do Greenpeace no Estado de São Paulo Karen Suassuna, o documentário é uma forma de pressão das unidades ambientalistas.
A Shell informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar sobre a produção do vídeo.

CRM
As ONGs também pretendem entrar, na próxima semana, com uma representação no CRM (Conselho Regional de Medicina) contra Flávio Zambrone, que é médico e toxicologista da Shell.
Ele é autor de um artigo publicado na revista "Ciência Hoje", em que escreve sobre a potencialidade cancerígena dos drins nos humanos.
Segundo Bocuhy, Zambrone estaria contrariando afirmação feita em 86, depois que passou a assessorar a Shell no caso da contaminação em Paulínia.
Ele alega que, em nenhum momento, afirmou no artigo que os drins, especificamente, tinham potencial cancerígeno.


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