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FERIADO TRÁGICO
Fogo em caminhão-tanque teria estourado pára-brisas de ônibus com romeiros antes da batida
Choque térmico pode ter causado colisão
LILIAN CHRISTOFOLETTI
MAURÍCIO SIMIONATO
da Reportagem Local
A Polícia Civil de Limeira (56 km
de Campinas) e o IC (Instituto de
Criminalística) investigam a possibilidade de um choque térmico
ter causado o acidente com os dois
ônibus de romeiros na terça-feira
na rodovia Anhanguera, em Araras (74 km de Campinas).
O choque térmico teria estilhaçado os pára-brisas dos ônibus,
que estavam com temperaturas
entre 10C e 15C na madrugada,
ao entrar em uma área com um calor de até 1.200C, próximo ao caminhão-tanque incendiado.
De acordo com essa hipótese, após
o estouro dos pára-brisas os motoristas teriam perdido o controle
sobre os veículos.
O acidente envolveu dois ônibus,
dois caminhões e um carro. Ao todo, 54 pessoas já morreram e uma
ainda corre risco de vida.
O primeiro caminhão que tombou
no canteiro central da rodovia
Anhanguera estava carregado com
6.000 litros de gasolina e 26 mil litros de diesel.
Impacto
Segundo o professor de física
Luiz Carlos Barbosa, da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), é provável que os pára-brisas
dos ônibus de romeiros tenham
estourado em razão do choque
térmico.
Segundo ele, uma temperatura
acima de 400C é suficiente para
estourar um pára-brisa.
"Uma temperatura alta pode ter
estourado o vidro. Certamente esse vidro explodiu para dentro, no
rosto do motorista", afirmou o
professor.
De acordo com ele, o pára-brisa de
um veículo é feito com uma película entre dois vidros, justamente
para evitar que se estilhace no rosto do motorista.
"Mas, mesmo assim, essa película
tem um limite. A alta temperatura
com certeza está acima da resistência", disse.
Segundo o delegado-seccional de
Limeira, Milton Triano, os pára-brisas dos ônibus absorviam a
temperatura ambiente.
A análise vai constar no inquérito
policial aberto para apurar o acidente.
O calor gerado pelo incêndio foi
de aproximadamente 1.200C devido aos líquidos derramados no
local (diesel e gasolina), de acordo
com informações do Corpo de
Bombeiros.
"Os dois ônibus podem ter sido
afetados pelo mesmo campo de
calor formado pelo incêndio", disse o delegado-seccional de Limeira.
Os dois ônibus seguiam pela pista
esquerda da rodovia, no sentido
capital-interior.
O caminhão-tanque já havia caído
no canteiro central da pista e se incendiado quando os ônibus passavam pelo local.
A Polícia Civil e a Promotoria Pública ainda investigam a causa de o
caminhão-tanque ter caído no
canteiro central e, com isso, ter
causado o acidente.
Janela
A Polícia Civil de Limeira investiga também a possibilidade de as
saídas de emergência dos dois ônibus de romeiros envolvidos no
acidente terem emperrado e impedido a saída dos passageiros.
Os peritos do IC (Instituto de
Criminalística) de Limeira e de
São Paulo analisaram as saídas dos
ônibus a pedido da Polícia Civil.
Eles devem concluir um laudo
em 20 dias. O documento vai ter
outras informações, como um desenho reconstituindo o acidente.
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